A anatomia da adoração
Girolamo da Santacroce - The Adoration of the Three Kings - Walters |
Depois de um Natal a discutir anatomia, chegam os doutores do Oriente para testar as hipóteses que são verdadeiramente importantes.
O nosso Natal em particular, foi passado a testar a anatomia, também ela particular, do nosso filho Pedro. Não há nenhum orifício do seu corpo que não conheçamos como a palma das nossas mãos, e chegámos lá pelo trabalho diário das nossas mãos. O seu corpo é todos os dias matéria de manipulação, na ginástica respiratória que lhe fazemos, na alimentação que lhe introduzimos e nas massagens que lhe fazemos e que o ajudam a fazer cocó. Trago alguma consolação para este trabalho árduo, pensando como a Virgem Maria faria provavelmente o mesmo ao menino Deus, mais ao menos por esta altura há 2018 anos atrás.
A verdade é que é tudo muito anatómico.
E a verdade é que continua a ser tudo muito misterioso.
A verdade é que é tudo muito anatómico.
E a verdade é que continua a ser tudo muito misterioso.
Por isso continua a ser para mim, a coisa mais razoável, intuir que Deus está verdadeiramente na matéria.
Como terá sido para os Magos?
O que pensar de um rei que afinal nasceu pobre, num estábulo?
Porque não voltar para trás, com uma hipótese refutada?
Perante a beleza de um sinal luminoso, na clareza da evidência, só há uma anatomia para conhecer.
A da nossa própria rótula a dobrar e a cair no chão.
É a anatomia da adoração.
O que pensar de um rei que afinal nasceu pobre, num estábulo?
Porque não voltar para trás, com uma hipótese refutada?
Perante a beleza de um sinal luminoso, na clareza da evidência, só há uma anatomia para conhecer.
A da nossa própria rótula a dobrar e a cair no chão.
É a anatomia da adoração.
Inês Dias da Silva
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