Muscular a família
Isilda Pegado
Voz da Verdade, 2010.03.12
A Família como instituição nasce da realidade humana (o amor entre um homem e uma mulher e a geração da prole) que ao longo dos séculos os grupos, as sociedades e os Estados reconhecem como factor estruturante de vida em colectividade. O Estado reconhece em todas as épocas que a família é o principal viveiro de Sociedade. A família integra o individuo – dá-lhe pai, mãe, avós e tios, que o suportam no dia-a-dia e nas mais diferentes realidades da vida. A família educa o indivíduo ainda antes do nascimento e ao longo de toda a vida para que este seja um cidadão, um homem, um pai ou mãe de família, um eleitor etc. A família é a primeira escola de solidariedade porque dentro dela o natural egocentrismo é confrontado com as necessidades do outro que naturalmente cada um ama e estima.
Os exemplos de virtudes da família poderiam continuar mas cada um tem imaginação para os replicar.
A sociedade precisa da família. Na família a resposta ao coração do homem tem menos custos e mais benefícios.
Por isso o Estado tem criado Leis que protegem a Família, incentivam o casamento e a reprodução. Mas será sempre assim? Hoje?
As formas de substituição da família são sempre “um peso” para a sociedade, as quais em muitos casos partem de generosidade humana mas, em última instância deixam transparecer uma ruptura difícil de gerir.
Por isso trabalhar na prevenção é tarefa do Estado e de todos nós.
Fortificar a família, é um imperativo civilizacional.
Muscular a Família é uma exigência de Amor e para o Amor.
Ora, as leis, são a conjugação de dois vectores. Por um lado, resultam da sociedade e do seu modo de pensar mas por outro lado, também elas formam uma mentalidade social. Hoje, a primeira dimensão perde-se na voragem do “politicamente correcto” que tantas vezes incorrectamente traduz o que se passa na sociedade. E por isso, as leis ganham influência desmesurada na sociedade. Na área da família tal influência é gritante. Andamos a reboque de ideologias de duvidosa eficiência.
Há por isso, um mal-estar social, infelicidades pessoais e novas formas de pobreza que exigem repensar a Família.
Acima de tudo, há que inverter este uso abusivo da lei que pretende modificar a realidade da família e que quanto a nós tem de ser estancado. Nós homens e mulheres sabemos e queremos dar aos nossos filhos, netos e sobrinhos queremos dar o que de melhor nos foi dado. Não estamos agarrados a um determinismo mas apelamos a um realismo capaz de fortificar uma nova dimensão humana.
Esse debate não pode ficar pela dimensão legal. Exige que se repense a Família em todas as suas dimensões, com diferentes saberes, com diferentes razões e com muita seriedade.
Em cada colóquio ou encontro que fazemos este é um apelo recorrente. O debate deve envolver toda a sociedade, universidades, religiões, partidos políticos, sociedade civil etc…
É preciso colocar questões!
O que é a família? Que valor tem a família? O que responde hoje às exigências do homem e da mulher dentro da família? Qual o lugar da educação na e para a família? Família nuclear ou família alargada? Qual o papel da família alargada? Quais as incidências económicas da família e para a família?
Estas e outras questões devem e podem ser elencadas com abertura e diálogo.
Haverá riscos neste debate? Mas quem não quer correr riscos?
As leis fazem-se num sentido, porque do outro lado o estático domina. Há uma dinâmica por inventar. No dia 20 de Fevereiro na Avenida da Liberdade em Lisboa largos milhares de pessoas olharam em redor e viram um povo, caminharam com um objectivo.
A apatia, o problema que é de outro, e nunca é meu, tem gerado um mundo de desalento e dificuldades. A lei está paulatinamente a matar a família. Mas há uma outra estrada por percorrer. Esta tensão social em que vivemos pode criar uma “musculação” familiar que devemos agarrar.
Muscular a Família é uma exigência de Amor e para o Amor.
Isilda Pegado
Presidente da Federação Portuguesa pela Vida
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