Deus não morreu nem está em agonia
O Cristianismo ultrapassará os 3000 milhões de fiéis em 2050, mas o Islamismo, que chegará aos 2229 milhões, será a religião que, proporcionalmente, mais crescerá.
O novo Atlas das Religiões, segundo "Le Monde", comprova que "Deus não morreu nem sequer está em agonia". Ainda há poucas décadas, não faltava quem garantisse que, com a evolução do progresso, dar-se-ia paulatinamente a extinção das religiões. Nietzsche até anunciava a "morte de Deus". Afinal, as crenças continuam vivas e com futuro, sublinha Religión Digital.
O dossiê do grupo "La Vie" e do diário "Le Monde" assinala, como aspecto mais relevante, o crescimento das grandes religiões até o ano 2050. O Cristianismo passará dos 1747 milhões de 1990 (hoje 2000 milhões) para 3052 milhões em 2050. Os muçulmanos, que eram 962 milhões em 1990 (hoje 1200 milhões) serão, em 2050, 2229 milhões. Será mais moderado o crescimento do Hinduísmo que, de 686 milhões em 1990, chegarão aos 1175 milhões em 2050, passando os budistas de 323 milhões para 425 e os judeus de 13 para 17 milhões, no mesmo período.
Henri Tincq, especialista em religiões no "Le Monde", distingue a vivência religiosa do modo de praticar as religiões. Diz que, como "sistema de crenças dogmáticas e normativas, a religião cristã desmoronou-se, embora continue a captar as buscas espirituais que se exprimem mais ou menos confusamente numa espécie de intenção desesperada para 'reencantar o mundo'". Nesse sentido, "as práticas religiosas, sobretudo no Primeiro Mundo, deixaram de ser regulares; as normas morais das igrejas são cumpridas e admitidas cada vez menos".
O Cristianismo vai mais para Sul e a Europa, que hoje conta apenas 25% de fiéis (280 milhões de católicos, 40% da população; 100 milhões de protestantes; e 150 milhões de ortodoxos), ou seja, 25% do catolicismo mundial, será apenas 16% em 2050. A grande maioria dos católicos está no Novo Mundo, com aproximadamente 275 milhões na América do Norte e 530 milhões na América Latina, e, ainda, em África.
O presidente do Instituto Europeu de Ciências das Religiões, Dominique Borne, sublinha que o colapso do socialismo real e o desaparecimento do ateísmo oficial e militante revelaram que "o religioso, que se acreditava que desapareceria, sempre se manteve e cresce, inclusive na Rússia e no Vietname, onde menos se esperaria.
Demografia justifica crescimento do Islamismo
O crescimento do Islamismo deve-se à demografia. Define-se cada vez mais como comunidade mundial e menos como território. É por isso que a maioria dos muçulmanos não vive no Médio Oriente, como se poderia pensar, mas na Ásia, onde são dois terços dos muçulmanos. Quatro países reúnem aí cerca de metade dos muçulmanos: Indonésia (maior país muçulmano), Paquistão, Índia e Bangladesh. Em África, um em cada três habitantes reza a Alá. Na Europa, vivem 16 milhões de muçulmanos e quatro milhões nos EUA.
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