Presidente agradece “carreira marcante” do cónego João Seabra
12. 11.2018 RR ONLINE EUNICE LOURENÇO
Marcelo e Santana Lopes marcaram presença na homenagem pelos 40 anos de Missa Nova do sacerdote.
Marcelo Rebelo de Sousa foi ao auditório da Paróquia de Santa Joana Princesa, em Lisboa, dar testemunho de 58 anos de amizade ao cónego João Seabra, mas fez questão de também como Presidente da República prestar homenagem e “agradecer uma carreira muito marcante”. Para mais tarde ficará a “consumação” do reconhecimento quis prestar nesta segunda-feira.
Marcelo quer condecorar João Seabra, mas no Palácio de Belém e com D. Manuel Clemente presente (esta semana está em Fátima na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal).
“Quero ter o prazer de ver uma invasão de católicos no Palácio de Belém”, disse o Presidente, que foi o Presidente foi último a falar na apresentação do livro que assinalou os 40 anos da Missa Nova (primeira missa solene depois da ordenação) do padre João Seabra e que pretendeu homenagear a vida de um sacerdote marcante para várias gerações.
Uma vida que juntou muitas vidas que não couberam no auditório da paróquia da zona de Alvalade, onde o padre João Seabra agora reside.
Ainda antes de entrar, Marcelo explicou a sua presença. “Venho testemunhar 58 anos de amizade fraternal”, começou por dizer, em declarações à Renascença, para logo a seguir vincar: “E venho como Presidente da República agradecer uma carreira muito marcante quer na universidade, onde foi capelão, quer em movimentos juvenis, quer o lançamento do Comunhão e Libertação, que foram contributos importantes do ponto de vista cultural, educativo, pedagógico, social e cívico para a sociedade portuguesa.”
Marcelo e João Seabra foram vizinhos e, como disse o Presidente, “viveram décadas na casa um do outro”. Conheceram-se no Liceu Pedro Nunes, desde então, até à saída da faculdade viram-se todos os dias, vivam a 20 números de porta.
“Vivemos em conjunto tudo o que Portugal viveu desde 1960 até praticamente 1974 dia a dia”, recordou o Presidente na intervenção que fez no auditório de Santa Joana Princesa.
“Tem uma inteligência excepcional, é rapidíssimo, brilhantíssimo, com um coração riquíssimo”, elogiou o Presidente, acrescentando que o padre João também é “excessivo e até cansativo”.
Marcelo disse que era tímido até começar a conviver com João Seabra e que, por isso, perdia todos os debates com ele. Por isso, continuou, teve de mudar e mudou tanto que, disse, hoje muitos consideram que ele próprio também é excessivo. Mas, disse o Presidente, “o responsável pelo excesso é o excesso do João”.
O Presidente é uma das 70 pessoas que escreveram testemunhos para o livro de homenagem. Outro dos testemunhos é de Pedro Santana Lopes, que também esteve presente na apresentação. “É um símbolo vivo, escrevi no testemunho sobre ele que, para quem tem fé e para quem não tem, ouvi-lo é ter a certeza que Deus existe”, disse Santana à Renascença.
“Transmite tanta fé e é uma pessoa com tantos atributos, infelizmente não muito correntes hoje em dia, nomeadamente a coerência”, disse o ex-provedor da Misericórdia de Lisboa, ex-primeiro-ministro e ex-líder do PSD e atual fundador do partido Aliança, que quis expressar “grande admiração e respeito e agradecer estes 40 anos de testemunho de fé, de orientação e de lições para Portugal inteiro”.
Padre e pai
“Foi um grande pai para milhares de pessoas”, disse também Marcelo do padre João Seabra na sessão de homenagem. “Um pai que nos fala e nos guia para Cristo”, nas palavras de um casal que dá testemunho no livro.
“Militou nos monárquicos, jantou nos anarquistas, foi aos touros e aos fados”, recordou outro testemunho, enquanto que quem o conheceu já capelão na Universidade Católica disse que se dedicava a “confortar os aflitos e afligir os confortáveis”.
Ainda antes da homenagem, o padre João Seabra presidiu à missa celebrada em Santa Joana Princesa. E aí foi ele a falar de si próprio e da Igreja. “Como Tito [discípulo de S. Paulo, de cuja carta foi lido um excerto na primeira leitura] desempenhei a missão que me foi confiada de cuidar do pedaço de Igreja que me calhou em sorte”, disse na homilia em que falou da Igreja “como mestra da misericórdia que se recomeça e reconstrói”.
“A Igreja não existe para si própria, existe para que o homem e Cristo possam caminhar juntos. O caminho da Igreja é o coração do homem”, afirmou João Seabra, que também confidenciou que todos os dias pede a Deus que lhe dê “juízo, mas sobretudo misericórdia”.
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