Que aprendemos nós com os debates sobre eutanásia?
SOFIA GUEDES FACEBOOK 11.04.2018
Para no passado dia 9 de Abril, ao programa Prós e Contras, na RTP, sobre eutanásia,
provavelmente terá chegado a algumas conclusões. Não sobre o que de facto é a
eutanásia (provocar a morte de alguém) e suas consequências, mas talvez sobre
quem está de facto interessado em apressar a sua legalização.
Não vou repetir o que ali foi dito pois quem quiser pode voltar a ver o programa, uma
das vantagens das tecnologias que nos transportam para o passado, ainda que
virtualmente...
Gostaria no entanto, enquanto fundadora do Movimento Cívico Stop eutanásia e
alguém que tem estado em permanente contacto com cidadãos comuns em várias
partes do país, procurando aprender e ajudar a esclarecer dúvidas e questões sobre o
fim de vida, o sofrimento e a morte, comentar alguns pontos que me parecem
importantes:
1) Os únicos interessados em legalizar a eutanásia são os políticos, que servem uma
agenda internacional dita “moderna” e que, em nome da liberdade e autonomia,
insistem em deturpar o verdadeiro sentido desta condição humana. São esses
políticos que ao criarem a “Oferta”, despertarão a “Procura”, com a ajuda da
Comunicação Social entre outros agentes.
2) A Sociedade Civil, ou seja o povo português que claramente não quer a eutanásia,
continua sem ter uma palavra a dar, e o pseudodebate está nas mãos dos
intelectuais, que usam uma linguagem incompreensível para a maioria dos cidadãos,
os quais ou viram costas porque não percebem nada, ou, revoltados, sentem-se
manipulados e usados para fins políticos. Esta é claramente a nossa perceção nos
contactos que temos realizado.
3) O único dado científico, e por isso real, que existe até ao momento, é a
experiência dos países onde a eutanásia é legal, e são 6:
Em todos se constata o que os pró-eutanásia não gostam de falar, a chamada
Rampa Deslizante. No entanto, e pasme-se, o Deputado José Manuel Pureza disse em
alto e bom som: “lá porque correu mal nos outros países, vamos deixar de o fazer?”
4) O deputado do BE, José Manuel Pureza, afirmou ainda que é inaceitável que num
Estado Democrático como o Português, não se possa legislar só porque algum sector
da sociedade, como os médicos, jurou não matar em nenhuma circunstância; ou seja
embora se exija que seja um médico a provocar a morte de outro, o poder de decidir
sobre a vida ou morte de todos os cidadãos deve
Holanda, Bélgica,
Suíça, Luxemburgo, Colômbia, Canadá e cinco estados norte-americanos.
estar e está na lei, e na votação daqueles poucos, os deputados, que “representam”
toda a sociedade, num determinado período!!!
5) De realçar que felizmente no meio de tanta loucura, conseguimos ouvir o Dr.
António Maia, médico de Cuidados Intensivos, que sem exaltação, medo ou ira, falou
do que é de facto um médico, do seu dever, da sua missão, da sua responsabilidade.
Tranquiliza-nos saber que podemos confiar em médicos como este.
Pelo contrario, o Dr. Jorge Espírito Santo tem uma visão bem diferente e
inclusivamente teve a audácia de dizer que no seu serviço de Oncologia a morte é
mais dramática do que uma morte em Cuidados Intensivos!!!
6) Na plateia, ouvimos o testemunho de alguém que esteve muitos anos no lado do
doente com doença terminal, a Raquel Abreu, a qual encontrou esperança na sua
“declaração de tempo quase esgotado” e um sentido para a vida. E pelos vistos ainda
está cheia de força para continuar a viver e ajudar outros.
7) O constitucionalista, Jorge Reis Novais, a favor da eutanásia, ainda veio baralhar
mais quando tentou “chutar” para a religião o “apelo” e promoção do sofrimento.
Sobre este senhor nem tenho palavras para descrever o seu confuso pensamento.
8) Quanto ao sofrimento, a proposta deixada pelos percursores da eutanásia é, uma
vez mais, que seja o Estado a determinar, qualificar e quantificar do que se trata!
Assim, determinado o grau do sofrimento, o qual no projeto de lei do BE se considera
apenas o físico, pede-se ao médico que execute a morte. O médico torna-se o
carrasco.
Conclusão: Quem ouve a forma leviana como se está a debater esta grave e profunda
questão, fica ainda com mais medo, mais insegurança e com um sentimento de
solidão. Lembra-nos períodos da História recente, em que ideologias genocidas
mancharam páginas dessa História, com consequências dramáticas cujo tempo não
apagará.
Mas como também é verdade, nesses momentos surgem sempre pessoas que olham
para a Humanidade e o mundo onde vivem e conseguem ver o que é preciso
conservar, para então progredir.
O Stop eutanásia é isso que procura.
Sofia Guedes
Membro fundador do Movimento Cívico Stop eutanásia.
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