Democracia de mirones
JOÃO CÉSAR DAS NEVES DN2010.08.30 Portugal tem problemas sérios e profundos: crise económico-financeira, bloqueios na justiça, deficiências na saúde, falhas na educação. Como pode isso tudo ser resolvido no meio da praça pública, com uma multidão ululante a opinar, criticar, insul-tar? A sociedade mediática tem muitas vantagens e excelentes benefícios. Mas está a estrangular a democracia. Imagine gerir uma empresa, uma casa de família ou até guiar um automóvel com chusmas de mirones a espreitar por cima do ombro e a dar palpites e remoques! O desastre estaria garantido. É precisamente esse o sistema que, em nome da suposta liberdade de informação, queremos que funcione no País. A resolução de qualquer problema grave necessita de estudo, meditação, consultas. Exige negociações delicadas, tentativas controversas, compromissos ambíguos. Impõe tempo, diplomacia, delicadeza. Só assim se chega a algum resultado. Tudo isso é impossível satisfazendo a cada passo sondagens mensais, debates