“É para o céu que quero ir.” As últimas horas de George H. W. Bush
OBSERVADOR 1.12.2018
No final da noite de sexta-feira, George W. Bush falou ao telefone com o pai para se poder despedir. Disse-lhe que tinha sido um “ótimo pai” e que o amava. “Também te amo”, respondeu-lhe. Foram as últimas palavras do antigo presidente dos Estados Unidos que morreu esta sexta-feira aos 94 anos. Os últimos minutos de George H.W. Bush foram contados pelo amigo de longa data e ex-secretário de estado, James A. Baker, ao The New York Times, que estava no quarto do antigo presidente norte-americano no momento em que morreu.
Tinha ido visitar Bush, a sua casa em Houston, na manhã de sexta-feira. Ao longo dos últimos dias, tinha vindo a ficar cada vez mais fraco: não saía da cama, parou de comer e praticamente só dormia.E, por isso, Baker decidiu visitá-lo. Mas quando chegou, o antigo presidente pareceu recuperar e começou a comer novamente. Em cinco minutos, comeu três ovos cozidos. Depois, comeu uma tigela de iogurte e dois batidos de frutas. “Toda a gente achou que este seria um grande dia e que ele estava de volta“, disse o antigo secretário de Estado.
Baker acabou por ir embora mas voltou à noite, com a mulher. Tinha um jantar com amigos e, a caminho, parou na casa de Bush. “Ele estava sentado na cama a conversar com as pessoas”, recorda Baker que acabaria por ir embora novamente. Mas a caminho de casa, depois do jantar, recebeu uma chamada, pedindo-lhes que voltassem à casa de Bush.
O casal chegou por volta das 20h15. Quando entrou no quarto, o antigo presidente abriu ligeiramente os olhos e perguntou: “Onde vamos, Baker?”. “Vamos para o céu”, respondeu o ex-secretário de estado, ao que George H. W. Bush respondeu: “É para aí que quero ir”.
Além dos médicos e enfermeiros e do casal Baker, no quarto estavam também o filho Neil Bush e a mulher Maria e filho Pierce; outra neta do antigo presidente, Marshall Bush; Jean Becker, antigo chefe de gabinete do ex-presidente e o padre Russell Jones Levenson Jr.. O tenor irlandês, Ronan Tynan, que tinha ligado no mesmo dia para saber se podia visitar o ex-presidente, tinha acabado de chegar. Como tantas vezes fizera — quando 80 Bush fez 80 anos, por exemplo –, Tynan voltou a cantar.
Tynan cantou duas músicas. A primeira foi “Silent Night”. A segunda foi uma música celta. Baker segurou a mão de Bush e esfregou-lhe os pés. Rezaram. Às 22h10, o antigo presidente dos Estados Unidos morreu. “Foi uma passagem tão gentil quanto poderia esperar. E ele estava pronto“, acrescentou Baker.
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