Advento: a espera daqu'Ele que já É.


JOSÉ SEABRA DUQUE   
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-   Partilha, EJNS  Dez. 2018    9.12.2018

Escrevo estas linhas a menos de um mês de nascer o meu terceiro filho. É provável que quando as estiverem a ler já o meu filho Zé Maria esteja em casa com os pais e os irmãos (Deus o queira!). A espera do nascimento de um filho, ainda por cima tão próximo do tempo do Natal, não pode deixar de me levar a meditar mais profundamente no tempo do Advento.
O Advento é o tempo da espera, da espera desse Menino que nos foi dado, desse Menino que é Deus feito homem. Mas esta espera é também a espera de alguém que já é, que já existe. Assim é como qualquer pai que espera o nascimento do seu filho, assim foi também para a Virgem Maria e para São José.
Porque a escritura deixa-nos claro algo que a ciência só conseguiu provar centenas de anos depois: que dentro do ventre de uma mãe está uma pessoa. Se hoje com a biologia sabemos que desde o momento da concepção estamos diante de uma nova vida, um Ser Humano que, embora totalmente dependente da mãe, tem uma identidade biológica própria, pela fé a Igreja ensina-o há dois mil anos.
Neste tempo de Advento viremos os olhos para Maria Santíssima. O Anjo anuncia-lhe que vai ter um filho. Diz-lhe também que a sua prima Isabel concebeu um filho e que já é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril. Maria corre a visitar sua prima. Entra na casa, saúda Isabel e esta, alertada pelo filho que cresce no seu seio, reconhece que está diante do Seu Senhor. Como é isto possível? Jesus tem no máximo uma semana, pouco mais é do que um amontoado de células. E contudo, aquele amontoado de células é Deus feito Homem. Deus fez-se célula! E o primeiro a reconhecê-lo e a anunciá-lo, como voltará a fazê-lo no Jordão trinta anos depois, é o seu primo João que ainda nem nasceu!
Todos os dias a Igreja relembra este mistério, nas palavras do Angelus. Todos os dias dizemos “O Anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu pelo Espírito Santo (…) e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
O Advento é tempo de mais uma vez relembrar que a nossa Fé não é sentimental ou apenas espiritual, mas profundamente carnal: Deus encarnou! Deus quis ser como nós!
Neste tempo de Advento meditemos em Maria, que acreditou desde o primeiro instante. Meditemos naquela jovem, mais jovem que muitos de nós, que durante nove meses viveu esta intimidade com Deus, de O trazer no seu ventre.
A Fé da Igreja ao fazer memória (ou seja ao tornar presente hoje) deste Deus escondido no seio de uma Virgem, ao fazer memória desta espera do Seu nascimento, proclama a santidade da vida por nascer.
No Advento esperamos Jesus que vai nascer mas que já existe. Por isso ainda hoje em Nazaré, no local da Anunciação, estão as palavras: Aqui o Verbo se fez carne! Deus fez-se carne com o Sim de Maria. Ali começa a sua maternidade.
Neste Advento pensemos em Maria, imagem perfeita de todas as mães. Pensemos como amou aquele filho desde o primeiro momento em que teve consciência da sua existência. Pensemos em João Baptista, que exulta de alegria ao reconhecer naquele monte de células a encarnação Divina. Pensemos em Isabel que proclama diante da jovem prima “Bendita és tu entre todas as mulheres, como me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?”. E como Maria, João Baptista e Isabel esperemos também nós o nascimento deste Menino. E à imagem desse Menino, que já dentro do ventre materno era Deus, olhemos assim para todas as crianças que já existem, mas ainda não nasceram.

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