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Divórcio: Igreja está contra "sentimentalização do amor"
28-Mar-2008
O projecto de lei do Bloco para instituir o divórcio a pedido de um dos cônjuges foi chumbado pelo PS, que vai trazer a sua proposta a debate em Abril. Mas o porta-voz da Conferência Episcopal já veio condenar estas iniciativas por representarem o "facilitismo" e uma "liberalização do divórcio". Já um ex-responsável da Pastoral da Família condenou a "sentimentalização excessiva do amor" que vê nestas propostas para mudar a lei.
"Não há amor sem sofrimento e dor", já tinha avisado o presidente da Conferência Episcopal quando foi apresentado o "Divórcio na Hora", um portal de internet de iniciativa de privados, aproveitando as potencialidades do novo Cartão Único do cidadão para simplificar alguns procedimentos burocráticos.
Esta quinta-feira foram várias as vozes da Igreja Católica que se levantaram contra a mudança da lei do divórcio, que visa acabar com o longo calvário dos divórcios litigiosos. O padre Duarte da Cunha, que foi responsável na diocese de Lisboa pela Pastoral da Família, foi o que se destacou, ao acusar as propostas do Bloco e do PS de "sentimentalização excessiva do amor".
Este professor de teologia, filosofia e antropologia do matrimónio na Universidade Católica acrescenta que "o amor é uma construção permanente, não é algo que se sente um dia e no outro não". Daqui, o sacerdote partiu para a associação destas propostas à "desagregação da família" e à "violência dos jovens", tudo "sinais de uma sociedade que não cuida de si".
Para rematar a sua oposição à mudança da lei do divórcio, o padre Duarte da Cunha deixou ainda ao Diário de Notícias uma pergunta: "Só se pensa na liberdade do que se quer divorciar. E onde está a liberdade do que não se quer divorciar?"
O parlamento acabou ontem por aprovar a proposta do Bloco para reduzir para um ano o prazo de separação de facto exigido para o divórcio. Num debate muito vivo, Francisco Louçã acusou os socialistas de aparecerem no debate sem nenhuma proposta, orgulhosos por terem esperado 12 anos para resolver um drama por que já passaram milhares de casais.
O PS chumbou a proposta bloquista de criação do divórcio a pedido de um dos cônjuges, alegando que a iniciativa que apresentará em Abril será muito mais avançada que a proposta do Bloco, caracterizada pelos deputados da maioria como "tímida" e "recuada". A deputada Helena Pinto respondeu às críticas, citando as vozes da bancada do PS no debate de há 10 meses, quando o Bloco apresentou uma proposta muito semelhante, e que o acusavam de promover "a dissolução da família" e de conter "radicalismos". "Mas afinal, qual é o PS que temos neste debate?", perguntou a deputada bloquista.
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