Carolina Michaelis, JCEspada, Expresso, 080329

Carolina Michaelis

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Este gravíssimo problema só se resolve quando a autoridade de cada escola for restabelecida

O incidente da escola Carolina Michaelis do Porto chocou os portugueses. Não é caso para menos. E deve levar-nos a reflectir com seriedade sobre as razões que permitem este estado de coisas.

Foi dito que a culpa é dos pais que não educam os filhos. Em parte é verdade. Mas sempre houve alguns pais que não educavam os filhos. E isso não implicava que os professores não tivessem autoridade para os manter na ordem.

A explicação é muito mais directa: a professora do Carolina Michaelis, como a generalidade dos professores das escolas estatais, não dispunha dos meios de coerção necessários para manter a ordem.

Ao longo de sucessivos governos, o Ministério da Educação (que dirige homogeneamente todas as escolas do Estado e em parte regulamenta também as escolas independentes) vem impondo teorias politicamente correctas que retiram autoridade à direcção de cada escola - designadamente a autoridade de adoptarem medidas punitivas, incluindo a expulsão, contra a indisciplina dos seus alunos.

Este gravíssimo problema só se resolve quando a autoridade de cada escola for restabelecida. Na actual atmosfera cultural permissiva que domina a burocracia das ‘ciências’ da educação, isso só será possível quando as escolas forem livres de escolherem as suas regras de funcionamento - e concomitantemente forem responsáveis pelos resultados que alcançarem. A par disso, grupos de professores, devidamente qualificados, deviam ser autorizados a criar escolas independentes em que os alunos receberiam do Estado o montante das propinas equivalente ao custo médio de cada aluno numa escola do Estado já existente.

Isto, por sua vez, só será possível quando o financiamento das escolas, todas as escolas, passar estritamente a depender do número de alunos que conseguirem captar.

Num sistema deste tipo, o Carolina Michaelis estaria à beira de fechar por falta de alunos. Ou mudaria imediatamente as suas regras de funcionamento - começando por expulsar sem apelo nem agravo a aluna que agrediu a professora, bem como uma boa parte da quadrilha que participou na paródia.

Se nada disto acontecesse, um bom número dos seus professores - talvez encabeçado pela professora agredida - estaria agora a criar uma escola independente. E muitas famílias mudariam os seus filhos do Carolina Michaelis para a nova escola exigentemente dirigida pelo grupo de professores dissidentes.

P.S.: Com 86 anos morreu o general Galvão de Melo. Ainda na véspera, jogara ténis no clube do Estoril, onde todos o admirávamos. A memória do seu espírito combativo e independente, e da sua paixão pela liberdade, perdura entre nós.

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