Sair à rua “para dizer ‘basta’ à agenda política fraturante e às leis que violam a vida"
25 out, 2018 - 19:19 • Ângela Roque RR online
Federação Portuguesa pela Vida apela à participação na caminhada marcada para sábado em cinco cidades portuguesas. Em 2019, ano de eleições, promete estar “mais vigilante” e vai questionar os vários partidos, porque os eleitores têm direito a saber com o que contam.
Cinco cidades portuguesas vão acolher este ano a ‘Caminhada pela Vida’, que está prevista para sábado, 27 de outubro. “Pela primeira vez vamos estar em cinco cidades em simultâneo. O ano passado já tinha sido em Lisboa, Porto e Aveiro, este ano juntam-se Braga e Viseu”, diz à Renascença José Seabra Duque, da Federação Portuguesa pela Vida (FPV).
A concentração está marcada para as 15 horas. Em Lisboa, será no Largo Camões, mas o destino final é o parlamento. “Iremos até à Assembleia da República passando pelo Príncipe Real e pelo largo do Rato, vários sítios simbólicos e vivos da nossa cidade, para testemunhar o amor pela vida, que deve estar sempre em primeiro lugar”.
Desde 2012 que a FPV organiza esta iniciativa, sempre com mais participantes. “Existe uma sociedade cada vez mais desejosa de defender publicamente a vida”, garante Seabra Duque, para quem o “ativismo cívico a este nível, desde a componente social até à componente política, tem sido de uma vivacidade muito rara em Portugal. Há milhares de pessoas empenhadas nesta questão”. Este responsável não entende, por isso, o silêncio dos media.
“Parece-me bastante evidente que existe alguma relutância em dar a conhecer a nossa posição e o que fazemos”, conta, lembrando que “desde o primeiro referendo ao aborto, há 20 anos, que organizamos conferências, workshops, apoiamos grávidas em dificuldade, crianças sem família ou mulheres que já abortaram. Este ano reunimos num congresso que teve o apoio da Renascença, vários especialistas em eutanásia, como o professor Theo Boer. Mas, infelizmente as nossas iniciativas não encontram eco na comunicação social”, conta.
O jurista Vai ainda mais longe na crítica, considerando que “querem passar a imagem de que não há a causa da vida em Portugal, que é uma coisa minoritária, de extremistas, de pessoas ultrapassadas e antiquadas, presas a algum conservadorismo. Mas, todo este ativismo cívico, de centenas de pessoas, muitas das quais jovens universitários, não condiz com essa narrativa que querem colar ao movimento pró-vida”.
Agradecendo o apoio público que D. Manuel Clemente já manifestou à ‘Caminhada pela Vida’, que é “um ato público, político, para crentes e não crentes, como o próprio cardeal patriarca recorda na sua mensagem”, José Seabra Duque espera que muita gente participe na iniciativa, porque “é mesmo preciso sair à rua para dizer ‘basta’ à agenda política fraturante e às leis que violam a vida”.
“Se queremos, de facto, um Estado e uma sociedade que ponha a vida em primeiro lugar, então temos que sair à rua e defendê-lo com a nossa voz, E para o ano temos que defendê-lo com o nosso voto”, afirma ainda.
O voto “é uma arma”
Em 2019, ano de eleições, a Federação Portuguesa pela Vida promete estar mais vigilante e vai lançar um questionário a todos os partidos e a todos os cabeças de lista. “O nosso objetivo é que na hora de votar, as pessoas tenham claro quem são os políticos e os partidos que apoiam ou não apoiam as nossas causas”.
“Não pode voltar a acontecer que políticos que mantiveram o silêncio em tempo eleitoral sobre estes temas, chegando à hora de votar, votem de uma maneira que não é de acordo com aquilo que seria expectável, tendo em conta os partidos onde estão. É preciso que as pessoas tenham consciência da importância do seu voto, que é uma arma, e que os partidos tenham consciência que o povo pró vida está farto de não estar representado no parlamento”.
“Nenhum de nós votou na consciência dos senhores deputados, votámos um programa eleitoral, por isso, em temas tão importantes e essenciais como a eutanásia, não pode haver votos porque a consciência pessoal do senhor deputado assim o dita, mesmo quando é contra a vontade dos seus eleitores”.
No questionário que a FVP pretende distribuir serão feitas perguntas “com clareza” aos candidatos. “Publicaremos depois esses resultados para que as pessoas possam decidir o seu voto em conformidade. E faremos, como é evidente, o apelo claro a que só se vote nos candidatos que se comprometam a respeitar a inviolabilidade da vida humana”. Ou seja, que estejam “contra a eutanásia, que defendam que é preciso cuidar e não matar, mais apoios para a maternidade e paternidade, menos apoios para o aborto”, e se posicionem “do lado certo nas outras questões, como as barrigas de aluguer, a procriação artificial ou a investigação em embriões”.
O questionário da FVP começará a ser distribuído assim que tiverem fechadas as listas para as europeias. “Primeiro faremos as perguntas aos candidatos ao parlamento europeu, e assim que as listas para as legislativas estiverem fechadas enviaremos esse mesmo questionário a todos os cabeças de lista dos vários partidos por distrito, desde os partidos mais pequenos, sem representação parlamentar, até aos grandes partidos do arco da governação. Todos serão chamados a responder”, explica Seabra Duque, para quem, se não aceitarem, isso deve ter uma leitura política. “Da resposta ou da ausência de resposta, o povo saberá tirar as suas conclusões”.
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