Para que serve a escola?

Esta semana li vários artigos sobre o chocante inquérito distribuído a alunos de nove e dez anos numa escola do norte de Portugal; penso que falta a questão crucial que, a meu ver, está por responder: para que serve a escola?
Discute-se se é adequado às idades, se os pais autorizaram ou não, se favorece a inclusão. O Ministério averigua. As famílias não estavam à espera que as aulas de Cidadania fossem isto. E todos aceitam tacitamente que a missão da escola – sobretudo da escola pública – seja incutir nas crianças e nos jovens um pensamento homologado sobre determinados assuntos.
Pergunto-me se todos sabem que existe uma estratégia nacional para a cidadania e igualdade de género. Simplificando, os adultos decidem como é que os meninos devem ser e pensar; os adultos fazem uma estratégia, ou seja, destinam meios e instrumentos para alcançar os resultados pretendidos; finalmente, os pequenos cidadãos vão para a escola aprender a ser como os adultos decidiram que eles devem ser e pensar.
A minha opinião sobre o tema em si, neste caso, é profundamente crítica e contrária aos conteúdos; no entanto, é urgente dar um passo atrás! Para que serve a escola? Para perpetuar a mentalidade em vigor? Para formar consciências? Qual é o papel dos adultos na escola? Onde está a liberdade de ensinar e aprender?
Será que a liberdade na escola do século XXI é compatível com a implementação escolar de estratégias de pensamento e de mentalidades? O inquérito é desagradável e vale o que vale. Só que o problema verdadeiro está na progressiva alteração genética da escola. Isto é muito grave e tenho a certeza que defender a escola é uma responsabilidade comum.
Se não dermos este passo atrás, a escola vai deixar de ser o lugar onde se conhece o que existe para passar a ser um sítio onde as crianças aprendem como é que as coisas deviam ser.

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