Je suis Jesus Cristo

Hoje é o dia...
o dia dos aflitos,
o dia dos pobres,
o dia dos que fracassaram,
o dia dos que perderam,
o dia dos humilhados,
o dia dos abandonados,
o dia dos assassinados.


Pois a todos estes é relembrado
Que o próprio Deus os precedeu,
Lhes abriu as portas do céu,
Lhes ditou as Bem Aventuranças,
Lhes conquistou a vitória.

Pois hoje Ele foi um deles.
O próprio Deus foi um aflito,
o próprio Deus foi pobre,
o próprio Deus fracassou,
o próprio Deus perdeu,
o próprio Deus foi humilhado,
o próprio Deus foi abandonado,
o próprio Deus foi assassinado.


Sábado Santo, o meu dia preferido de todo o ano. 
Na verdade, não é a vida cristã toda ela um Sábado Santo?
Perante o horror do mundo e do nosso próprio pecado,
vivemos a esperança do que Ele vai ainda fazer.

Vivemos a esperança de "festejar a ressurreição de Páscoa"
disse uma esposa no túmulo do marido ainda a semana passada. 
Arnaud Beltrame, o polícia francês que se ofereceu em lugar de outro refém
perdeu a vida e por isso o dia de hoje também é dele. 

"As exéquias do meu marido terão lugar em plena Semana Santa, depois da sua morte na sexta-feira, mesmo junto ao Domingo de Ramos, o que não é coincidência a meus olhos." (Marielle Beltrame)

Arnaud Beltrame
Que no coração da Europa, em plena Semana Santa, no chegue esta notícia, deve levar-nos a exclamar muito mais que Je suis Beltrame. Porque quando Beltrame morreu, ganhou um novo nome. Como mudam de nome os Papas eleitos, e tantas pessoas que entram na vida consagrada. Beltrame mudou de nome e chama-se Jesus Cristo.

Que no coração da Europa, em plena Semana Santa, no chegue esta notícia, reanima em nós a esperança de Sábado Santo. Reanima em nós a esperança da Salvação.

Perdoem-me os organizadores de petições, manifestações e protestos. Perdoem-me os autores de projeções e simulações sobre o futuro da Europa e do mundo moderno. Mas se há alguma coisa que nos pode salvar, é um cristão que vive o Evangelho até às últimas consequências. Se há Alguém que nos pode salvar, é Jesus Crucificado. Se há Alguém que nos pode salvar, é quem está disposto a dar a vida pelo próximo. 

Porque "ao pé do Crucificado, o próximo é, antes de tudo, o discípulo amado por Jesus. Ao pé do Crucificado, o próximo são todos os discípulos e discípulas que Jesus ama; todos, sem excluir ninguém. Assim, ao pé do Crucificado, são próximo os discípulos e discípulas que fugiram. Ao pé do Crucificado, são próximo os discípulos e discípulas falhados, ou seja, aqueles que não respondem à chamada d’Ele. Ao pé do Crucificado, são próximo todos os seres humanos, porque o chamamento a participar na vida de Deus é constantemente dirigido a toda a humanidade." (Cardeal Pietro Parolin)

Hoje, ao pé do crucificado, quero permanecer como a esposa de Beltrame, e quando chegar a minha hora, possa eu também dizer com a própria vida: Je suis Jesus Cristo. 

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