Que Papa?

Voz da Verdade, 2013-02-24
D. Nuno Brás

Ainda que não deixe de ser curioso o interesse que a comunicação social e, de um modo ou outro, muitos daqueles que relativizam no seu discurso a pessoa do Papa ou se dizem "não praticantes" têm mostrado pela resignação de Bento XVI e pelo processo de eleição do seu sucessor, o facto é que tudo isso nos pode conduzir a desviar a atenção para realidades menos importantes.
Com efeito, a grande maioria de programas, artigos e opiniões, mais não passam de "desabafos". No fundo muitos deles o que desejam é pedir que o próximo Papa lhes justifique as atitudes de vida, as situações menos claras, um modo de viver a fé mais individualista e segundo a sua própria opinião, antes que integrados plenamente no seio da Igreja. Houve mesmo um Presidente da República de um país europeu que, num claro momento de falta de inspiração ou mesmo de arrogância, disse não ter qualquer candidato a apresentar!
E também nós, facilmente, nos podemos deixar ir por entre essa multidão que opina sobre quem deve ser o próximo Papa, que nome deve ter, que gestos e decisões deve tomar, como se não coubesse ao Espírito Santo a escolha do próximo sucessor de Pedro, e como se, quem quer que ele seja e que nome possa escolher, não fosse para nós, tão-simplesmente, o Santo Padre.
O Papa está no coração dos crentes não por causa da sua nacionalidade, da estética da sua figura, da idade que possa ter, do nome que possa escolher. O Papa está no coração dos crentes simplesmente porque é Papa, sucessor de Pedro, aquele que é o garante último de que a fé que professamos, longe de ser simplesmente nossa, é a fé dos Apóstolos. O Papa está no coração dos crentes porque em comunhão com ele se reúne a Igreja de todos os países, continentes e línguas, na celebração e na vida da fé.
É verdade que a situação que agora vivemos dum Papa que renuncia por motivos de saúde ao exercício do seu ministério de Bispo de Roma é relativamente inédita, pelo menos nos últimos séculos. Mas é igualmente verdade que, como possibilidade, ela estava prevista nas normas eclesiais.
Mais do que nos deixarmos dominar neste reboliço mediático, creio que é mais necessário juntar a fé à esperança, e orar pelo Papa Bento XVI e pelo seu sucessor, dispondo-nos a acolhê-lo e ao seu ensino e governo, não porque realiza ou diz aquilo de que gostamos, mas porque é Pedro, a rocha sobre a qual Jesus constrói a Sua Igreja.

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