Paz feminina

DESTAK | 12 | 10 | 2011   19.01H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt

Pela primeira vez o prémio Nobel da paz foi entregue a três mulheres. Nas 111 edições desde o lançamento em 1901, o galardão, que ficou por atribuir 19 vezes, foi concedido a 21 organizações (o Comité Internacional da Cruz Vermelha por três vezes) e 101 pessoas, das quais apenas 15 mulheres. Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkul Karman foram distinguidas ‘pela sua luta não violenta pela segurança das mulheres e pelo direito das mulheres em participarem plenamente no trabalho de construção da paz’.
Karman do Yemen teve certamente o prémio mais marcante, como activista dos direitos femininos num país muçulmano. No ano da «primavera árabe», onde tantos gostariam de ver premiados os líderes da mudança, o Comité Nobel preferiu distinguir essa questão particular, nem sempre lembrada.
A ‘dama de ferro’ Ellen Sirleaf, economista de Harvard, é já figura histórica, primeira mulher eleita democraticamente para a presidência num país africano, a Libéria em 2005. Mas a sua compatriota Gbowee foi quem usou armas mais femininas. Em 2002 organizou uma ‘greve de sexo’, seguida por mulheres cristãs e muçulmanas. Este método radical, sugerido pelo ateniense Aristófanes na peça cómica Lisístrata de 411 a. C., conseguiu desta vez forçar negociações de paz na segunda guerra civil liberiana.
Quando essas conversações ameaçavam falhar, ela e 200 colegas bloquearam a sala, ameaçando despir-se se fossem expulsas. Assim o prémio foi dado, não apenas a mulheres, e mulheres que lutaram pelas mulheres, mas que lutaram como mulheres.

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