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A mostrar mensagens de junho, 2010

Chegámos a isto

Paulo Tunhas, Publicado no i-online em 30 de Junho de 2010 Tudo, no horizonte provável, é melhor que Sócrates? Sim. Mas, desgraçadamente, isso não quer dizer muito Na Assembleia da República, no outro dia, o primeiro-ministro, afivelando o seu melhor sorriso chocarreiro, e com o tom gozoso e plebeu que põe habitualmente no exercício, dirigia-se à deputada dos Verdes chamando-lhe, entre outras coisas, "estalinista" e "pós-moderna". A simples máquina de palavras que ele é não é sem dúvida obrigada a dar-se conta da incompatibilidade dos conceitos, e o facto certamente não importa por aí além. Na imagem, o que era interessante era a figura sentada ao seu lado esquerdo, ou pelo menos o que se via dela. Porque Teixeira dos Santos escondia quase a cara com as mãos e só se vislumbrava um olhar carregado e sombrio. Nada podia contrastar mais com o espevitamento febril e fátuo do falante agitado que ele anda, sacrificadamente, a ombrear. Mas não era difícil adivinhar o q

Frase do dia

Só nos damos conta do ponto a que todas as coisas são de tal modo vagas no momento em que tentamos torná-las mais precisas Bertrand Russell (1872-1970)

Frase do dia

  A razão existiu sempre, mas nem sempre numa forma razoável Karl Marx (1818-1883)

Portugal confiante

DN2010.06.28 JOÃO CÉSAR DAS NEVES Era preciso dizer ao Governo que a coisa não está a resultar. Era bom alguém informar o Parlamento que já ninguém acredita. Era conveniente avisar as autoridades que estão a destruir-se a si próprias. Não vale a pena repetir cerimoniais pomposos de dignidade, fundamento e justificação se a credibilidade se esfumou. Não serve de nada compor retóricas elegantes e juras indignadas, porque ninguém as leva a sério. É inútil representar uma comédia que perdeu a graça. Podem convencer-se a si mesmos e aplaudir correligionários, mas o público já nem sequer se indigna. Limita-se a bocejar. A patética desorientação dos oito meses do Governo Sócrates é excruciantemente evidente. Às garantias que tudo vai bem seguem- -se jactos de medidas drásticas, que asseguram que tudo vai ficar bem, e todos tomam como provisórias. Perante a gravidade da crise a improvisação diz-se estratégica. Já nem se dão ao trabalho de fingir planeamento coerente e lógica de suporte. O

Saramago, o último intelectual marxista

JN2010.06.27 Zita Seabra Morreu José Saramago e com ele morreu o último de muitos que, ao longo do século XX, se comprometeram com o comunismo e encontraram na ideologia marxista o sentido da sua escrita ou da sua arte. O seu nome junta-se ao de Gorki, Aragon, Picasso, Jorge Amado ou Paul Éluard, uma lista enorme de intelectuais que passaram pelas fileiras dos partidos comunistas. Saramago foi, como homem e como escritor, um empenhado militante da ideologia que abraçou e que lhe marcou sempre a vida e a escrita. A ideologia enquanto visão global do homem, da sociedade, da religião que Marx e Engels teorizaram e que Lénine, Mao, Brejnev ou Fidel, entre outros, levaram à prática. Olhando para a vida e a escrita de José Saramago, o que mais impressiona é o facto de ele ter vivido e visto o comunismo ruir na URSS e nos países do bloco de Leste, como a RDA, a Hungria, a Checoslováquia, a Roménia, a Albânia, entre muitos outros, e ter silenciado esse facto. Confrontar-se com o sofrimento daq

Requiem por Saramago

Público, 20100627 Gonçalo Portocarrero de Almada Não obstante as suas irreverências literárias, nenhum cristão pode ficar indiferente ante o passamento do Nobel português José Saramago morreu: paz à sua alma. Não obstante as suas reincidentes irreverências literárias, nenhum cristão, digno desse nome, pode ficar indiferente ante o passamento do Nobel português, sobretudo porque o divino Mestre encareceu aos seus discípulos o amor aos inimigos e não há dúvida que, muito embora os fiéis o não fossem dele, ele fez questão de o ser de Cristo e da Igreja. O sincero pesar pelo seu desaparecimento, tanto mais penoso quanto carente, ao que parece, de qualquer indício de conversão, não quer dizer, como é óbvio, que se possa ignorar que a sua vida foi vivida na teoria e prática de uma ideologia anticristã. Por isso, seria despropositada, senão hipócrita, a pretensão de "baptizar" postumamente o finado militante comunista, num disparatado aproveitamento da sua notoriedade. Por isso

Porque é que a Igreja baptiza as crianças?

Porque é que a Igreja baptiza as crianças? Porque é que a Igreja insiste em baptizar as crianças pouco tempo depois de elas nascerem? Não será isto um atentado contra a sua liberdade? E se mais tarde não quiserem seguir a religião Católica? Não será muito mais sensato esperar que cresçam e nessa altura escolham livremente a religião que desejam praticar? São muito comuns, nos dias de hoje, estas perguntas. E não somente as perguntas. Também está a tornar-se comum – infelizmente – atrasar o baptismo com o argumento de que é preciso respeitar a liberdade das crianças. Com essa mesma “lógica”, os pais não deveriam escolher arbitrariamente um nome para os seus filhos – seria mais respeitador da sua liberdade que mais tarde os próprios escolhessem. Também seria contra a liberdade dos filhos obrigá-los a ir à escola, a arrumar o quarto ou, em geral, a portarem-se bem. Quem são os pais para imporem aos seus filhos aquilo que consideram que é o bem ou o mal? Não será que essa atitude pode ger

Retrato sem retoques

José António Saraiva no SOL - 25.Junho.2010   Um homem que sempre foi duro, e até rude, na apreciação das pessoas e das situações, merece mais do que os retratos de circunstância, retocados e adocicados, que têm sido feitos nos últimos dias . Conheci José Saramago antes de saber quem ele era. O ateliê de arquitectura onde comecei a trabalhar ficava na Rua Viriato – em Lisboa, perto da Praça do Saldanha – e ia muitas vezes almoçar a um restaurante chamado Forno da Brites, que distava uns 100 metros da porta do nosso prédio. Um dia, pouco depois do 25 de Abril, sentou-se nesse restaurante, na mesa ao lado da minha, um casal. A mulher era loura, bonita, de olhos muito azuis, e o homem era alto, mal encarado, de cabelo comprido na nuca. O almoço daqueles dois seres foi uma autêntica sessão de tortura. O homem falou durante quase toda a refeição, num tom áspero, de quem ralhava, e a mulher ouvia, com ar sofredor. A certa altura começou a chorar, abriu a mala, tirou um lenço e limpou as lág

Feriados

2010.06.24| DESTAK | João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt Salvar o País implica reformas urgentes, vastas e profundas na administração pública, finanças, segurança social, justiça, educação, etc. No Parlamento não aparecem propostas válidas e sérias nesses campos. Aliás, no que toca à crise, surgiu uma medida original: reduzir os feriados e cortar as pontes! A justificação da política é falsa. Alegadamente, cortam-se feriados para aumentar a produtividade. Mas a produtividade não sobe por se trabalhar mais. Pelo contrário, ela implica produzir mais trabalhando menos. Assim, a medida reduzirá a produtividade, explorando os trabalhadores. Apesar disso, o efeito produtivo será ridículo. Mesmo que se consigam mais 10 dias de trabalho por ano, isso equivale a cortar um intervalo para café de 19 minutos por dia. Pior, a medida passa ao lado das causas e soluções da situação nacional. Aquilo que o Parlamento tem a fazer na crise é enfrentar interesses instalados, cortar b

25º aniversário da Consagração da Cidade de Lisboa ao Imaculado Coração de Maria

Cartaz Imaculado Coracao Maria

Deus (não) existe

ler artigo de João Carlos Espada aqui Deus Existe

Frase do dia

"O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso."  Madre Teresa de Calcutá

TERTULIA DE HOMENS

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TERTÚLIA DE HOMENS  A Fundação Maria Ulrich convida-o a participar na Tertúlia de Homens dia 23 de Junho, pelas 21:30H.           O orador convidado é o Senhor Professor Luís Campos e Cunha e o tema que nos propõe:  "Política e Economia"                                                          RSFF a té 22 de Junho                                                                                                                                                                                                                               telfs: 213.882.110; 96.6969620 Rua Silva Carvalho, 240 (junto às Amoreiras) Lisboa fundmariaulrich@clix.pt fundacaomariaulrich.blogspot.com

Portugal e o futuro

DN 20100621JOÃO CÉSAR DAS NEVES Acaba de ser divulgado o último relatório da Fundação Richard Zwentzerg, instituto internacional dedicado aos estudos lusitanos. Como sempre, o texto só é acessível através do DN e não deve ser procurado por outros meios. Desta vez, o tema é o grau de sustentabilidade do desenvolvimento português. Seguem-se extractos relevantes do texto. "Uma questão inicial que alguns espíritos mesquinhos colocam é a de saber como pode analisar-se o grau de sustentabilidade do desenvolvimento de um país que não está em desenvolvimento. A maioria dos analistas não liga a este pormenor, mas em nome do rigor devemos então dizer que o relatório considera a sustentabilidade do desenvolvimento que Portugal teria se estivesse em desenvolvimento. "Uma outra questão prévia tem a ver com o facto de, dado o número de óbitos ser maior que o de nascimentos, o país não só não está em desenvolvimento como se encontra em vias de extinção. Durante uns anos, isto foi disfarçad

Triste figura

Raquel Abecasis, RR on-line em 21-06-2010 08:43 Lembram-se do ministro da Informação de Saddam Hussein? Aquele que aparecia na televisão, com os tanques americanos a passar por trás, a dizer que o Iraque estava a vencer a guerra? Em Portugal temos um sósia desse personagem. Trata-se de Valter Lemos, aquele secretário de Estado que, na anterior legislatura, aparecia todos os dias na televisão a dizer que na educação tudo corria sobre rodas e os professores na rua não passavam de um grupo de agitadores que procuravam destruir o trabalho meritório que se fazia na 5 de Outubro. Passadas as eleições, José Sócrates intuiu que este era o homem que lhe faltava no Ministério do Emprego. Nomeou-o secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional e aí está ele, contra tudo e contra todos. Sempre que as estatísticas sobem o número dos nossos desempregados, Valter Lemos aparece a dizer que os números e as instituições internacionais que os emitem estão errados. A cena patética do minist

A saúde mental dos Portugueses

Pedro Afonso Público, 2010.06.21 Recentemente ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida. Interessa-me a saúde mental a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir

Campeonato do Mundo?

Público, 2010-06-20 Vasco Pulido Valente Como qualquer pessoa - ou, se quiserem, como qualquer pessoa da minha idade - perco horas por semana a ver os jogos do Campeonato do Mundo de Futebol, o que tem sido, como sabem, um sacrifício inexplicável e, ainda por cima, inútil. Não falo de Portugal (que passou depressa). Falo de toda a gente com a evidente excepção da Argentina e do Brasil. Mas, no meio da sonolência e da irritação com a monotonia e a mediocridade do que tenho visto, comecei pouco a pouco a perceber a explicação daquele desastre: o Campeonato do Mundo de Futebol não é, de facto, o Campeonato do Mundo de Futebol, é campeonato dos jogadores da Europa (e aqui incluo na Europa, embora em pequena medida, a Rússia europeia) e da Turquia, arbitrariamente divididos por nacionalidade de origem. Verdade que se tocam hinos e se mostram bandeiras e que uns milhares de entusiastas pintam a cara e agitam bandeiras. Mas seria informativo e didáctico indicar a que clube está neste mo

Apresentação do livro "Don Giussani"

Giussani

Não sufocar o amor

Aura Miguel, RR on-line 2010.0622 Os bispos anunciaram ontem um plano a que chamam “itinerário sinodal”, com o objectivo de repensar a pastoral. Três anos depois da visita Ad Limina, em que o Papa pediu aos bispos portugueses para reverem os métodos de anúncio cristão, surge um plano cheio de etapas e discernimentos, que vai implicar imenso trabalho e que só em Novembro de 2011 terá orientações práticas. O anúncio dos bispos não deixa de surpreender face à recente advertência do Papa de que em Portugal se confia demasiado nas estruturas e programas eclesiais, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista. Aliás, este alerta foi reforçado há dois dias pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, numa intervenção aos bispos, recordando justamente que “a pastoral não é apenas a arte de programar, mas é a manifestação na história do amor de Cristo pelos homens”. E com grande realismo D. José Policarpo também reconheceu que “trabalhamos mais do que amamos, criamos estruturas

Estupidez

DESTAK |16 | 06 | 2010   21.17H João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt A liberdade de expressão na sociedade da informação é um dos grandes avanços da humanidade. O acesso ao conhecimento, o surgimento de novas ideias, criatividade e pluralismo aumentaram espantosamente. O ser humano atingiu assim um nível superior de civilização. Mas, como sucedeu nos níveis abaixo, este excelente benefício trouxe também custos evidentes. Neste caso o grau de estupidez aumentou assustadoramente. Não é provável que o número de estúpidos tenha subido. Eles sempre foram a maioria. Infelizmente os Dante, Mozart ou Rembrandt são muito mais raros que os La Palisse, Sganarelle, Jerry Lewis ou Mr. Bean. Mas hoje têm muito mais impacto porque os meios de comunicação expandiram extraordinariamente a sua influência. Pior, aí as baboseiras interagem e fecundam-se mutuamente, explodindo a imbecilidade. Nunca o mundo viveu tão mergulhado em disparates, burrices e vacuidades como nos dias que corre

A mãe das crises

Público, 20100617  Pedro Lomba Se o escritor de ficção científica Philip K. Dick vivesse, já não precisaria da sua imaginação distópica para distorcer o futuro. Poderia ser um escritor naturalista. Esse futuro que nas histórias de Dick parecia delirante está agora bem plantado à nossa frente, no tempo útil das nossas vidas. Consultando as estatísticas ficamos inteirados da boa nova: a longo prazo, não estaremos mortos. Estaremos extintos. Muita gente tem alertado para o declínio demográfico que ameaça o mundo ocidental como o conhecemos. Esse declínio converteu-se no primeiro problema para o nosso modo de vida dos últimos 60 anos. Até temos algumas ideias de como devemos enfrentá-lo, mas hesitamos, em parte porque estamos sobretudo focados noutras pragas (as alterações climáticas, a especulação bolsista), noutra parte porque ainda vivemos na doce ilusão de arranjar maneira de salvar a nossa pensão de reforma. No entanto, comparado com o meteorito que será os países europeus fican

Frase do dia

Cínico não é apenas quem retira lições amargas do passado, mas é também quem fica prematuramente desapontado com o futuro Sydney Harris (1917-1986) Jornalista americano

Porquê?

Público, 20100617  Esther Mucznik Os israelitas sabem que não são anjos e são mais críticos e autocríticos do que qualquer outro povo do mundo Em Israel, de onde escrevo esta crónica, há uma interrogação em todos os rostos: Porquê? Porquê esta hostilidade crescente que frisa o ódio, esta condenação unânime e desproporcionada? Porquê este escrutínio obsessivo, esta criminalização permanente? Porque é tão ténue a fronteira entre a crítica política e o questionamento da sua legitimidade nacional? Porquê, apesar dos 1500 correspondentes internacionais e os mil enviados especiais por ano, a desinformação é permanente e devastadora? Porquê esta surdez colectiva, esta selectividade da memória, esta ideologização passional na relação com Israel? Os israelitas, e os judeus de uma forma geral, não são ingénuos. A história nunca lhes permitiu essa doce inocência. Sabem que não são anjos e são mais críticos e autocríticos do que qualquer outro povo do mundo. Basta abrir o jornal Ha"aret

A César o que é de César, mas o homem é de Deus

“A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”. As doutrinas que no último século postularam o homem sem Deus porque tudo se reduzia a matéria, com o virar do século XX pareciam caducas e sem grande acolhimento. O muro de Berlim caiu e a pátria do materialismo desmoronou-se. Os partidos de inspiração socialista passaram a admitir a propriedade privada, o mercado e o pluralismo democrático. Por isso se tem perguntado – que bandeiras têm hoje? E apenas temos vistos as questões de civilização ou fracturantes – o aborto, a eutanásia, o divórcio, o casamento gay, “educação” sexual, liberalização das drogas, experimentação em embriões humanos, eugenismos vários, etc., etc.. Mas esta agenda não é só desse sector político, já invadiu a política do centro direita, os meios intelectuais mais diversos, as nossas famílias e até alguns sectores religiosos. O relativismo é o factor de propagação. Cada vez que uma lei é aprovada perguntamo-nos – mas porquê esta agenda? Porque se destrói o casamen

O Estado enquanto educador sexual

Raquel Abecasis RR online 14-06-2010 08:48 Falhada a utopia de construir uma sociedade sem classes, os defensores da tese tentam agora construir uma sociedade igualitária, de preferência sem referências culturais, religiosas ou ideológicas. A ideia é convencer as gerações futuras de que viver em liberdade é prescindir de optar; é, basicamente, tomar como certo e sem alternativa um modelo de sociedade que é enfiado na cabeça dos mais novos, desde tenra idade, no banco da escola. Na senda deste projecto, entra em cena, no próximo ano lectivo, a educação sexual contada pelo Estado, por este Estado que não perde oportunidade ou poupa recursos para explicar às nossas crianças o que é o sexo. Uma matéria que o Estado conhece mais do que qualquer pai ou qualquer mãe que queiram ensinar outras coisas aos filhos. Isso, diz o Estado, é pôr ideias retrógradas nas cabeças das crianças. É assim que este nosso querido Estado benfeitor quer construir uma sociedade moderna e sem complexos e, já

Direito por linhas tortas

DN 2010.06.14 JOÃO CÉSAR DAS NEVES Vivemos estes dias um dos fenómenos mediáticos mais inesperados, atrevidos e provocadores da nossa era. Terminou na passada sexta-feira, festa do Sagrado Coração de Jesus, o ano sacerdotal iniciado pelo Papa Bento XVI a 19 de Julho de 2009. Isto, que parecia pacífico, mostrou-se revolucionário. A função sacerdotal, vasta e profunda na Igreja, tem na pessoa do padre o seu ponto central, como indica a referência aos 150 anos da morte de S. João Maria Vianney, humilde cura de aldeia. Organizar um ano de celebrações à volta dessa figura é, na nossa sociedade, um dos maiores atrevimentos culturais. Não só o cristianismo é a única ideologia que hoje se pode atacar sem violar a tolerância, mas nele o padre é o aspecto mais desprezado. No Ocidente, a Igreja, mesmo se marginal, não goza do estatuto protector de minoria. Qualquer bizarria está mais defendida de críticas que ela. Tendo sido cultura dominante durante séculos, a crítica ao catolicismo é, no actu