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A mostrar mensagens de agosto, 2004

Antigamente, a Escola... (II)

Por JOÃO BÉNARD DA COSTA Público, Sexta-feira, 27 de Agosto de 2004 A minha última crónica acabou algo abruptamente. A verdade é que não expliquei as razões que me levaram ao reitor do Camões. Prometi, logo a abrir, que o faria "mais adiante". Mas ia tão lançado que, quando cheguei ao tal "adiante", já não tinha tempo e, sobretudo, já não tinha espaço. É o mal (ou o bem) das "conversas fiadas". Já experimentaram, no fim de uma noite delas, recapitular o percurso, contando os atalhos, os desvios e as encruzilhadas? Se fosse só misturar alhos com bugalhos, ainda nos podíamos agarrar às rimas, mesmo que nos tivéssemos agarrado onde não devíamos. Mas as livres associações são muito mais subtis, como sabemos desde os tempos do dr. Freud, do jogo dos cinco cantinhos e dos "cadáveres esquisitos". Se há quem seja perito em levar a água ao seu moinho, a maior parte já perdeu o moinho, quando a água lá chegou. E só não continuo para não me acontecer segun

Antigamente, a Escola... (I)

Por JOÃO BÉNARD DA COSTA Público, Sexta-feira, 20 de Agosto de 2004 Não, antigamente a escola não era risonha e franca, como no pré-histórico poema ("O Estudante Alsaciano") que, em versão portuguesa, aprendi com a minha Avó e galhardamente recitava - ao que me contaram - empoleirado num banco do Jardim da Estrela, para pasmo dos basbaques e vergonha da minha Mãe, que me surpreendeu, aos cinco anos, em tais preparos. Nessa altura, ainda nem sequer sabia o que escola fosse. Quando soube, talvez usasse muitos adjectivos, mas não seguramente os que a associam ao riso e à franqueza. Mas descansem que não venho para ajustar contas nem para louvar o ensino de outras eras. Também não venho para execuções sumárias. Apenas me lembrei, por razões que mais adiante explicarei, que nunca disse de minha justiça sobre um personagem muito maltratado. Refiro-me ao dr. Sérvulo Correia, reitor do Liceu Camões entre o ano lectivo de 1950-51 e o de 74-75, a que não resistiu. 2 - 1950-51. Eu tinh

Adjectivos

JCdasNeves, DN 040816 Vivemos no tempo dos adjectivos. Nunca houve tanta certeza e vastidão na catalogação humana do universo. Avaliamos atitudes, classificamos ideologias, julgamos a História, condenamos a sociedade. Em tudo, pessoas, ideias, coisas, colocamos qualificações. No meio de tantas sentenças há, no entanto, dois termos que desapareceram do nosso vocabulário: «bom» e «mau». Atribuímos os mais variados rótulos, mas nunca estes dois, os qualificativos éticos fundamentais. Temos uma excelente razão para isso. Vivemos num tempo científico, concreto, rigoroso e essas valorizações são altamente subjectivas. Épocas antigas, dogmáticas e supersticiosas, usavam tais juízos e preconceitos, que nós desqualificámos. Preferimos adjectivos mais específicos, patentes e demonstráveis. Os nossos epítetos são de outro tipo. As pessoas ou as ideias não são boas nem más; são antiquadas ou totalitárias, modernas ou eficientes, fundamentalistas ou liberais. Estes sim, são qualificativos contempo

Mais dinheiro para a educação?

Fátima Bonifácio Público, 2004-08-15 O engº. Sócrates renovou recentemente, à laia de manifesto da sua candidatura, a promessa de que com ele o país investirá a fundo na Educação (a isto se resumia o essencial da mensagem). Uma promessa que em Portugal tem sido feita, com intermitências, de há perto de duzentos anos a esta parte e que Guterres tentou erigir em desígnio digno de concitar uma "paixão" nacional. Injectou-se mais dinheiro no "sistema", promoveu-se a modernização pedagógica, reformularam-se os programas e refizeram-se os manuais. Reformas e dinheiro de nada serviram. De há anos a esta parte, com assinalável regularidade, o país toma conhecimento de números que revelam o clamoroso fracasso da Escola. Ainda agora fomos escandalizados pela notícia de que metade dos alunos do secundário chumba nos exames nacionais do 12º ano. Desgraçadamente, este resultado encobre a péssima qualidade dos alunos que conseguem passar, chegam à Universidade quase analfabetos e