Constança

Pedro Aguiar Pinto
Jornal das Boas Notícias 2003.09.15

O Jornal das Boas Notícias está de volta ao fim de quase um ano e meio de ausência. Era meu propósito retomar a publicação mais regular do jornal no início do mês de Setembro, após as férias de verão. Comecei, por isso, por juntar alguns artigos que o tempo não corroeu e que me pareceram  manter o interesse que poderiam ter para os leitores. Alguns são de há mais de um ano e já estavam seleccionados para um Jornal das Boas Notícias que nunca chegou a sair.
No dia 1 de Setembro, a nossa filha Constança, deficiente profunda com quase 12 anos, foi operada e nos turnos que repartia com a minha mulher ao lado da Constança na sua convalescença, fui juntando e compondo este número do Jornal das Boas Notícias. No dia 8 de Setembro à tarde, enquanto estava neste trabalho, o oxímetro ligado ao dedo da Constança começou a apitar. Desliguei o computador à pressa sem guardar o que estava a fazer e fui para o lado dela. Pouco depois o seu coração parou. A Constança tinha ido para o Céu. Os dias que se seguiram foram dias intensos, mas misteriosamente pacíficos, de uma paz e de uma letícia que só podem vir da certeza de que a sua vida no seio da nossa família, de que ela foi o centro nestes últimos doze anos, foi um dom de graça que Deus nos concedeu.
Deus a deu, Deus a levou, no dia da Natividade de Nossa Senhora.
Sabê-la na presença de Deus, a Quem ela agora vê face a face é uma experiência de cumprimento de um destino de felicidade agora realizado.
Quando voltei a abrir o processador de texto, o ficheiro que não tinha guardado com a urgência, apareceu recuperado com o trabalho onde o deixara.
Acrescento-lhe apenas estas linhas que quis partilhar convosco, porque as Boas Notícias, geralmente ignoradas, são também o fruto da misteriosa acção de Deus através dos Seus filhos.
A Constança na sua total incapacidade tocou de forma única a vida de muita gente e despertou todos os que a conheceram para o mistério do Ser e, por isso, do amor.
Que Nossa Senhora das Dores, cuja festa celebramos hoje (15 de Setembro) a acolha e torne fecunda a sua curta viagem por esta terra

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