Em defesa da vida e da dignidade humana
Em defesa da vida e da dignidade humana – contra a eutanásia
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses e a tomada de posição do actual Bastonário e ex-Bastonários da Ordem dos Médicos
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses não pode, na sequência do que
já fez relativamente à tomada de posição da Ordem dos Médicos sobre a eutanásia,
deixar de manifestar a sua concordância com a declaração recentemente emitida pelo
seu actual Bastonário e ex-Bastonários acerca da mesma questão. Na verdade:
1. O actual contexto sociocultural, apesar dos grandes benefícios trazidos pelos
enormes avanços científicos e tecnológicos, está marcado por uma perda de sentido da
vida humana, em que é visível uma crise do homem, considerado como “supérfluo” e
subjugado aos interesses económicos e à “máquina de produção”. Esta visão negativa
do ser humano, acompanhada por sucessivas agressões contra a vida, manifesta-se,
também hoje, na pretensão de legalizar a eutanásia, exercendo uma violência sobre os
mais vulneráveis, os doentes (físicos e psíquicos) e os idosos, bem como sobre os
médicos e demais profissionais de saúde.
2. A sociedade civil, porém, no exercício da sua responsabilidade ética e da sua
participação cívica, não pode nem deve contribuir para que, em nome de uma ilusória
autonomia e de uma distorcida noção de liberdade (que abre caminho ao individualismo
egoísta e à indiferença para com os outros) seja tornado lícito o que é ilícito, instaurando
uma autêntica “cultura da morte”.
3. Qualquer lei que, em vez de se orientar no sentido da prestação de bons
cuidados de saúde a todos os cidadãos, atentasse, de qualquer forma, contra a vida
(como sucederia com a prática da eutanásia, ao violar a vida humana), levaria o Estado
a eliminar a defesa e a protecção das pessoas, direitos consagrados na Declaração
Universal dos Direitos Humanos e na Constituição da República Portuguesa.
4. Os Médicos, no cumprimento dos princípios da Ética, consignados em todos
os Códigos de Ética Médica, nomeadamente no seu Código Deontológico, não podem
nem devem ir contra aquilo que é o essencial da sua profissão, isto é, contra o seu
compromisso de defensores da vida das pessoas e de dela cuidarem, rejeitando, por isso,
ser induzidos ou violentados a exercer a prática da eutanásia.
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses aplaude, por isso, a recente
tomada de posição dos Bastonários (actual e anteriores) da Ordem dos Médicos no
repúdio da prática da eutanásia, porque atentatória da dignidade da vida humana e
também, por consequência, da dignidade da acção médica, enquanto acção de cuidar da
saúde das pessoas, colaborando, deste modo, na construção de uma sociedade em que se
instaure e se incentive uma autêntica “cultura da vida”.
Outubro, 2016
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