Um CDS renovado

MIGUEL ALVIM 
Público 05/01/2016 - 01:15

O CDS não pode voltar a ser o partido da bússola - à procura do ponto cardeal rigorosamente neutro onde possa estar o poder.
No início histórico de um novo ciclo político, andou muito bem Paulo Portas ao anunciar de forma clara e simples que não se recandidata à presidência do CDS, subentendendo-se que também irá renunciar ao lugar de deputado.
Muito para lá das explicações cínicas e tacticistas do costume (do poder pelo poder), julgo que Paulo Portas intuiu correctamente ser este um tempo de urgência, um tempo de política e de militância, um tempo da reconfiguração do partido.
Para isso era indispensável uma nova liderança e novas equipas, que pudessem atrair mentes e corações e mobilizassem adesões.
O CDS não pode realmente voltar a ser o partido da bússola - à procura do ponto cardeal rigorosamente neutro onde possa estar o poder.
Num momento de opressivo individualismo e relativismo, o CDS tem de saber pensar e fazer política para pôr esta ao serviço das pessoas – de todas as pessoas – e do bem comum.
Para que isso possa acontecer, antes de mais nada, o CDS tem de se conhecer e de se conhecer bem.
Saber quem é e o que pensa de si e do seu posicionamento no espectro político-ideológico e partidário nacional.
O ponto de partida da reconfiguração do CDS não pode, portanto, deixar de ser o seu programa, a sua história e a sua estrutura constitutiva de princípios e valores democratas-cristãos.
Não tem assim razão Adolfo Mesquita Nunes quando estabelece uma dicotomia aparente e falsa entre debate ideológico (supostamente desnecessário) e propostas concretas.
Porque o CDS nunca foi, nem muito menos pode ser um partido eficientista e ideologicamente neutro neste tempo baço e difuso de um pós-modernismo essencialmente materialista e niilista.
Para ser sério, o debate da escolha de uma nova liderança para o CDS tem de ter esta questão prévia – que é fundamental – obrigatoriamente em conta.
Advogado, conselheiro nacional do CDS

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