I love Costa

Luciano Amaral
Correio da manhã, 2016.05.02

Neste momento, Portugal parece o paraíso e a festa do 25 de Abril este ano foi tão bonita, pá. 02.05.2016 01:45 Toda a gente quer Costa como primeiro-ministro. Pelo menos por enquanto. A parelha Jerónimo Martins (ou Catarina de Sousa, para não ser acusado de sexismo) quer Costa primeiro-ministro mesmo depois de Costa ter anunciado um bom pacotinho de austeridade para os próximos anos (e mesmo existindo a fundada expectativa de que este ano ainda vem por aí mais alguma coisa). Isto porque, por agora, vai vingando a alegria das "reposições" de rendimento e a austeridade é só um espectro distante. Lançar Costa às malvas neste momento seria não só impopular como dar o flanco à crítica de que a esquerda é o melhor aliado da direita. Mas a direita também quer Costa como primeiro-ministro e por razões parecidas: tanto quanto se sabe das sondagens, a alegria da reposição coloca Costa à frente em hipotéticas eleições antecipadas, sobretudo agora que já passou o efeito da "golpada", como Passos e Portas chamaram à chegada de Costa ao poder. Passos bem pede à esquerda para "não se pôr ao fresco" e ao Governo para "não se demitir" quando tiver de corrigir as políticas actuais. Porque é esse o momento pelo qual espera para fazer qualquer coisa. Até lá, também ele adora o primeiro-ministro Costa. Mas por debaixo deste lindo sossego, o relógio da crise política começou a contar. O que o activou foi o Plano de Estabilidade, que só não deu mesmo em crise na semana passada porque o Governo encontrou maneira de não sujeitar os seus apoiantes à humilhação de votarem a favor do "austeritarismo". Ora, isto quer dizer que chegará a altura em que o Presidente da República, que também quer Costa como primeiro-ministro, terá de interromper a sua tournée de afectos de rei do povo e tomar decisões difíceis. Neste momento, Portugal parece o paraíso na terra e a festa do 25 de Abril este ano foi tão bonita, pá. Mas é melhor começarmos a preparar-nos para outra coisa.

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