Noruega: casal perde a custódia dos filhos por serem “muito cristãos”

Zenit 1 MARÇO 2016FEDERICO CENCI

Os serviços sociais retiraram dos cônjuges Bodnariu os cinco filhos, incluindo uma criança de peito, pelo simples fato de serem cristãos que acreditam em um Deus “que pune”. Mobilizações internacionais para exigir a devolução das crianças


Protest In Targoviste (Ro) For Bodnariu Family

A sociedade moderna entra no paradoxo: com uma mão vende as crianças, através de métodos de inseminação heteróloga que dependem da exploração do corpo feminino, para aqueles que reinvicam a posse como um direito; com a outra mão retira os filhos das próprias famílias legítimas.
Este último caso ocorreu recentemente à custa de uma família “acusada” pelas autoridades de dar às crianças uma educação muito cristã. Aconteceu não em terras do Oriente Médio ocupadas pelo Isis, nem em um daqueles países em que os cristãos representam uma minoria religiosa perseguida. Mas, aconteceu na Noruega, encantador e pacífico País localizado no extremo norte da Europa, situado pela imaginação coletiva na elite da tolerância.
As vítimas deste episódio são os cônjuges Bodnariu, el Romeno (Marius) e ela norueguesa (Ruth), e os seus cinco filhos: Eliana (9 anos), Noemi (7), Mateus (5), João (2) e Ezequiel (4 meses), que os serviços sociais retiraram a custodia dos pais no dia 16 de novembro do ano passado.
Os funcionários do governo foram até a escola que frequentam as crianças maiores. Lá pegaram eles e depois se dirigiram à casa Bodnariu, onde prenderam Ruth, que depois de um interrogatório foi liberada. O mesmo aconteceu com Marius, preso enquanto se encontrava no trabalho. Em um primeiro momento, as autoridades não deram explicações aos dois cônjuges. Só sucessivamente, como relata Tempi, por meio do seu advogado conseguiram resolver o manto de mistério.
A intervenção dos serviços sociais teria começado depois de uma denúncia da diretora da escola dos seus filhos, preocupada porque as duas crianças maiores tinham falado de castigos dos pais. Na carta enviada aos serviços sociais, a diretora falou claramente que os dois cônjuges são “muito cristãos”, assim como os tios e a avó paterna, o que os levaria a acreditar em um Deus que “pune os pecados”. A diretora, embora convencida de que as crianças não tenham sofrido violência física, está persuadida de que este clima religioso inibe os pequenos.
Na sequência das investigações realizadas, verificou-se que as crianças muitas vezes escondem o mal para evitar que os pais possam dar-lhes palmadas. Ao mesmo tempo, as crianças disseram que não têm medo da mãe e do pai e que não estão assustados com a ideia de voltar para casa. Como em um romance kafkiano, os dois cônjuges foram obrigados a defender-se das acusações durante os interrogatórios. Admitiram que brigaram e que às vezes bateram nos próprios filhos, mas negaram com firmeza de terem “abusado” dos seus filhos, ação que as autoridades insistentemente pediram contas.
Além da humilhação, os pais tiveram que sofrer também uma absurda acusação de culpados, a ponto de levar as autoridades a retirar os seus cinco filhos e distribuí-los em diferentes famílias. Segundo fontes citadas pelo jornal Tempi, as crianças teriam escrito várias cartas aos pais, que, porém, nunca foram entregues. Os serviços sociais negaram a existência destas cartas e afirmaram que as crianças não estão sem os pais.
De acordo com os avós dos pequenos não há nenhuma dúvida sobre o fato de que “a educação cristã das crianças é a causa dessa ação das instituições norueguesas”. Uma ação cruel: o bebê só é visto e mama o leite materno duas vezes na semana, enquanto os outros dois só se encontram com a mãe uma vez por semana. As duas filhas maiores, pelo contrário, não podem mais ver os pais. Um gesto de clemência ocorreu no último dia 18 de fevereiro quando a família finalmente conseguiu encontrar-se por várias horas. No entanto, iniciou-se o processo de adoção.
A sociedade civil não ficou indiferente a este assédio. Cerca de 60 mil pessoas aderiram a um abaixo-assinado para pedir ao governo norueguês intervir e pôr fim a este pesadelo. No entanto, a ministra norueguesa da Juventude, Solveig Horne, respondeu secamente: “O que acontece em família não é mais só uma questão privada”. E acrescentou: “Ninguém pode dizer que segundo a própria religião é permitido bater em uma criança. Pela lei norueguesa isso não é permitido”.
Segundo a ministra, portanto, alguns tapas devem levar inevitavelmente ao trauma de ser arrancados dos próprios pais. Não pensam como ela uma multidão de pessoas, no seu País, e também no resto da Europa. Mensagens de solidariedade chegam constantemente à família Bodnariu. No próximo dia 16 de abril milhares de pessoas sairão às ruas para pedir a libertação das crianças em centenas de cidades romenas, nos Estados Unidos, na Austria e nas várias capitais europeias. A liberdade religiosa está em perigo também no Ocidente. E as pessoas começaram a se dar conta disso.

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