Para o António

MIGUEL ESTEVES CARDOSO Público 13/02/2016 

O António não cresce de minuto para minuto. Aperfeiçoa-se e mantém-se.
Não há um mau filme em que não haja alguém que lamente que não terá o prazer de ver crescer os netos. Nos piores há um assassino que diz a quem vai matar: “E, quanto àquela tua ambição de ver crescer os teus netos, esquece....”
É o momento VELCRON: ver, literalmente, crescer os netos. Até ver crescer netos parece ser uma actividade contemplativa e fútil, como ser espectador do crescimento da relva.
Mas, mal se tenha um neto ou dois e se perceba, depois de uma chuva de lucidez, que esses netos são pessoas com quem temos a sorte de ter uma ligação que nos permite o prazer e o luxo enorme de podermos conhecê-las e estar perto delas, só nos resta agradecer a felicidade sem fim que nos aconteceu.
Hoje o António faz 7 anos. Ele não é o meu neto. Nem é meu nem é neto.
É o António. É uma pessoa cheia de graça, empatia, aventura, sensibilidade e imaginação, que um dia escolherá se eu mereço ser avô dele. Se escolher mal então sim impor-me-ei e mostrar-lhe-ei que ele, como filho da minha filha Tristana, é irrefutavelmente o meu neto, tal como o Vicente, primo-gémeo dele e filho da minha filha Sara, gémea idêntica da irmã.
O António não cresce de minuto para minuto. Aperfeiçoa-se e mantém-se.
Não muda. O crescimento não se mede nem pelos centímetros nem pelos anos. O António, hoje com 7 anos, é uma pessoa encantadora há já muito tempo.
O António pode ser o meu professor, o meu cúmplice e a minha alma de menino. Mas é, acima de tudo, ele.

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