Muzzak...

António Barreto
DN 2016.01.04
Não é de agora. Há anos que a praga da música em locais públicos se foi desenvolvendo com mau gosto e crueldade! É insuportável! Há música por todo o lado: aos berros, com bateria e tambores, com ritmos doentios e batida neurótica. Chamam a isto "música de fundo" ou "música de supermercado", pois os especialistas dizem que, com música adequada, fica-se mais tempo nas instalações e consome-se mais.
Ao sair à rua, pode tomar-se nota dos locais infestados pela música parasitária. Nas garagens, há. Nos elevadores, não falha. Nos supermercados e nos centros comerciais, é o reino dela: em geral e em cada loja. Nos cafés e nos restaurantes, é obrigatória: e quando não é o canal de Muzzak, é a televisão, com um programa de futebol. Nas esplanadas e agora até em jardins públicos, lá estão os safados altifalantes nos cantos dos tectos ou nas árvores. Nos ginásios, nos barbeiros e nas salas de massagem, é imperativa! Até num dentista já vi e ouvi! Em certos hospitais, começa a aparecer sorrateiramente, dizem que suaviza o clima e ajuda a curar os doentes! Nos autocarros, nos comboios e nas estações de caminho-de-ferro, os incómodos altifalantes são presenças fiéis.
Nalguns países chamam-lhe Muzzak, nome de uma empresa especializada em cocktails de música estúpida. Pode ver-se na net, há dezenas de empresas que produzem cocktails, pots-pourris, saladas, medleys e rapsódias, já concebidos para os diferentes usos, dos bancos ao engate, das esplanadas às igrejas. Felizmente, já existem guias de hotéis, restaurantes e bares sem música nas suas instalações.
Agora é científico. Os últimos estudos sobre o tema garantem que Portugal é um dos países com mais ruído nos espaços públicos. Mas sobretudo com mais barulho de "música ambiente", termo inventado para justificar o atentado à tranquilidade. Dizem também os estudos que esta moda deixa sequelas irreversíveis. Mentais...

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