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A mostrar mensagens de julho, 2015

Kremlin receia precedentes perigosos

José Milhazes Observador  31/7/2015, 23:52 Putin e a sua corte jamais irão reconhecer a sua culpa nesse acto ignóbil e, no máximo, poderão vir a aceitar a entrega às autoridades internacionais de alguns comandantes dos separatistas russófonos O veto russo do projecto de resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a criação de um tribunal para investigar e julgar os autores do derrube do avião malaio no céu do Leste da Ucrânia não constitui novidade e veio apenas mostrar que o Kremlin só aceitará conclusões que o ilibem completamente, pois, caso contrário, isso pode levar a que dirigentes russos se sentem no banco dos réus. É de salientar que a Rússia se viu praticamente isolada. A China, que Moscovo considera ser seu parceiro estratégico, decidiu não se comprometer e optou pela abstenção, posição seguida também pela Venezuela e Angola. O Kremlin apresentou os mais variados argumentos para justificar a sua decisão. O Presidente Putin considerou a criação desse tribunal “c

Não, os Verdes não são o CDS e Portas terá um papel central nesta campanha

João Marques de Almeida 31/7/2015, 7:56 Quase por milagre, Passos e Portas reconstruíram a sua relação política e hoje concorrem juntos às eleições. E o líder do CDS será muito importante para a campanha. O debate político em Portugal conhece por vezes momentos da mais pura hipocrisia. Recentemente, assistiu-se a um desses momentos quando muitos colocaram o CDS e os Verdes no mesmo patamar, a propósito dos debates televisivos durante a campanha eleitoral. Todos sabem que são completamente diferentes, mas quase ninguém o disse. Mais uma vez, em nome de interesses imediatos – impedir a participação do líder do CDS nos debates televisivos – mostrou-se uma enorme falta de respeito pela história da democracia portuguesa. O CDS desempenhou um papel central na história política portuguesa desde o 25 de Abril. Começou por impedir que o sistema político estivesse completamente desequilibrado para a esquerda. Participou na Aliança Democrática que deu a primeira maioria absol

31 de Julho - Santo Inácio de Loyolla

A partir de hoje o Povo vai de férias, regressando em Setembro, como já é hábito. Este último dia de Julho é também o nosso dia de anos de casados. Este ano faz 39 anos. É sempre uma ocasião para fazer memória do significado do casamento. Para isso partilho convosco esta magnífica lição sobre o Sacramento do Matrimónio . É também o dia de Santo Inácio de Loyola por quem fomos ganhando uma especial devoção. Boas  Férias Para os que amam, nada é demasiado difícil, especialmente quando é feito por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo Santo Inácio de Loyolla

Cavaco Silva explicado aos distraídos

Rui Ramos Observador 31/7/2015 Cavaco Silva desempenhou um dos mandatos presidenciais mais difíceis da democracia. Frequentemente, pareceu uma das poucas pessoas preocupadas com o essencial. E ainda parece. Há que voltar ao prato frio presidencial, porque o que está em causa é a compreensão do que se passa em Portugal. No dia 22, ao anunciar a data das eleições legislativas, o Presidente da República explicou as vantagens de um governo sustentado por uma “maioria estável no parlamento”. A oligarquia partidária e comentadora aproveitou logo para repetir a rábula de sempre: não se percebe Cavaco, Cavaco esteve mal, etc. O secretário-geral do PS, entusiasmado, desceu mesmo até à condescendência irónica. A dificuldade, para os mais finos, era esta: como é que Cavaco Silva pede agora um governo maioritário, quando em 2009 aceitou um governo minoritário? Não é um mistério. Em 2009, o Presidente tinha um problema: Sócrates. Sócrates está hoje detido às ordens da justiça, e mesmo

Heróis e vilões

José António Saraiva | SOL | 30/07/2015 A esquerda, sendo por natureza utópica, tem necessidade de criar os seus heróis - e também de ter os seus vilões. Os maus da fita. Os sonhos são muito bonitos a nível individual. Os sonhos colectivos, pelo contrário, acabam normalmente em tragédias. Foi o nazismo, foi o comunismo, foi o fascismo, foi o maoismo... Agora, a principal bête noire da esquerda portuguesa (e europeia) é o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble. Ele é o culpado de tudo o que de mau acontece na Europa. Ele tem todos os defeitos: é azedo, zangado com o mundo, amargo, intratável, sinistro, etc.  É certo que o atentado que o amarrou para toda a vida a uma cadeira de rodas pode ter feito dele um homem mais duro. Mas, em primeiro lugar, Schäuble não caiu do céu: ele representa hoje boa parte (senão a maior parte) da opinião pública alemã. Em segundo lugar, limitou-se a dizer uma coisa evidente: a Grécia não tem condições para estar no euro. No fundo, toda a

Férias

Aproximando-se o tempo de férias, vale a pena penetrar no seu significado e naquilo que o uso deste tempo livre nos diz sobre nós mesmos. Para isso temos que o avaliar. Não será por falta de tempo que não conseguiremos usar este breve exame de consciência como instrumento de avaliação do uso da nossa liberdade. " Percebe-se o que uma pessoa – jovem ou adulta – quer verdadeiramente, não pelo trabalho ou pelo estudo, que é aquilo que tem a obrigação de fazer, pelas conveniências ou pelas necessidades sociais, mas pela forma como usa o seu tempo livre. Se um jovem ou uma pessoa madura desperdiça o tempo livre, não ama a vida: é tolo. As férias são, de facto, o clássico tempo em que quase todos se tornam tolos. Pelo contrário, as férias são o tempo mais nobre do ano, porque é o momento em que uma pessoa se compromete como quer com o valor que reconhece predominante na sua vida, ou então não se compromete de maneira nenhuma com nada e então, realmente, é tola. … O valor m

Breve exame de consciência

senzapagare , 2015.07.22 Deveres para com Deus: Lembrei-me de Deus durante o dia, oferecendo-Lhe o meu trabalho, dando-Lhe graças, recorrendo a Ele com confiança de filho? Fiz bem todas as minhas orações? Deveres para o próximo:  Tratei mal os outros? Tive a preocupação de ajudar e rezar pelos que me rodeiam? Fiz algum apostolado? Caí na murmuração? Disse alguma mentira? Soube perdoar? Deveres para comigo: Deixei-me levar por sentimentos de orgulho, vaidade, sensualidade? Esforcei-me por arrancar os meus defeitos? Fui preguiçoso ao levantar, ou no trabalho? Que bem fiz hoje? Que mal fiz hoje? Que farei melhor amanhã? Acto de contrição:  Meu Senhor Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador, Pai e Redentor meu, Por ser vós quem sois e porque vos amo sobre todas as coisas, pesa-me de todo o meu coração de vos ter ofendido, proponho firmemente a emenda de minha vida para nunca mais pecar, apartar-me de todas ocasiões de ofender-vos, confessar-me e cumprir a p

29 de Julho - Santa Marta

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Cristo com Marta e Maria Mikhail Nesterov  (1911)

É sempre bom recordar como se pode ser baixo na política

José Manuel Fernandes Observador 29/7/2015 Queria agradecer a Augusto Santos Silva. Bem haja por nos recordar como se pode ser manipulador nos argumentos e rasteiro na linguagem. Por nos lembrar como isso foi regra nos seus anos de socratismo. Todos os seres humanos gostam de ter boas surpresas. Mas há seres humanos que nunca nos surpreendem. Nunca nos fazem duvidar que fazem parte daquele grupo de gente para quem os fins justificam os meios. Quaisquer meios, mesmo os golpes baixos. Augusto Santos Silva, figura central dos anos de chumbo do socratismo, fez o favor de nos recordar, em texto no Diário de Notícias, como se pode ser baixo na política. Como se pode tratar de atropelar tudo e todos em função de um poder (que, no caso, se perdeu) e de um ego (que, no caso, não parece ter limites). O que esteve, o que está em causa é a polémica entre o antigo ministro socialista e o director de informação da TVI, Sérgio Figueiredo. Não me interessa, não creio ser útil, entrar nos

Macroscópio – Querem um tema de grande controvérsia? Pensem em conselhos para educar os filhos…

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Macroscópio Por José Manuel Fernandes, Publisher Boa noite! Crise grega? Prisão de José Sócrates? Queda de um avião nos Alpes? Luta pela liderança do PS? Ataque ao Charlie Hebdo? O mais recente iPhone? Jorge Jesus no Sporting? Desenganem-se. O texto do Observador mais partilhado e mais discutido nas redes sociais nestes 14 meses de existência foi publicado no domingo passado e é uma entrevista com um professor universitário. O que fez o seu sucesso e suscitou tanta controvérsia? O tema abordado: o grau de liberdade que os pais devem dar aos seus filhos. Os riscos que devem permitir que corram. E até onde deve ir o seu instinto protetor. "Estamos a criar crianças totós, de uma imaturidade inacreditável" , uma entrevista de Rita Ferreira a Carlos Neto, professor da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, alguém que trabalha com crianças há mais de 40 anos, foi uma daquelas conversas que obrigam a pensar e repensar hábitos e comportamentos. Não a vou a

Frase do dia

Acredito naquilo que digo Luigi Giussani (1922-2005)

O fenómeno Varoufakis

JOÃO CÉSAR DAS NEVES DN 2015.07.29 O mundo da política orçamental é vasto e complexo, incluindo muitos casos estranhos e aberrantes. Mas, até nessa companhia bizarra, o grego Yanis Varoufakis, no cargo de 27 de Janeiro a 6 de Julho, destaca-se como o pior e o mais bem-sucedido ministro das Finanças da história mundial recente. Em menos de seis meses conseguiu transformar uma situação desesperada numa catástrofe, enquanto se promovia da obscuridade ao estrelato. Antes de mais, foi um ministro das Finanças muito popular, o que é inaudito. A função, nas suas características próprias, impõe incómodos e gera ódios. Quem se encarrega de nos tributar pode ser respeitado, temido, admirado, mas raramente é amado e celebrado. Varoufakis, mais conhecido pelo cachecol do que pelo défice, povoou magazines e revistas de moda. Além disso era um académico numa função política, situação comum mas sempre ambígua. Recorrentemente tentada, costuma ser um fiasco por razões óbvias: os uni

Laudato si

António Bagão Félix Voz da Verdade, 2015.07.27 A primeira encíclica do Papa Francisco “Laudato si” (“Louvado Sejas”) aprofunda a doutrina social da Igreja sobre “o cuidado da casa comum” e sobre o que chama “uma ecologia integral”, ou seja ambiental, económica, social, cultural, da vida quotidiano e de justiça intergeracional. Logo nas primeiras palavras, o Papa alerta-nos para uma insustentável lógica de crescimento como se fôssemos “proprietários e dominadores, autorizados a saquear” os bens do planeta. E lembra o ecologista São Francisco de Assis: “Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior”. Esta encíclica é uma exortação contra a indiferença. Um belo texto de desassossego. Uma reflexão de holística sensibilidade. Um grito contra o egoísmo geracional. O pleno reconhecimento da interdependência económica, social e ambiental do homem e da natureza. Um marco contra a ind

Só se pode negociar com tiranias de esquerda

Alexandre Homem Cristo Observador 27/7/2015 É mau quando os princípios ficam na dependência de interesses económicos. Mas é tão mau como quando ficam sujeitos a lirismo revolucionário. Ver o primeiro é importante. Não ver o segundo é hipocrisia Não é segredo para ninguém que o regime angolano vive emprenhado em corrupção, que persegue e reprime os seus opositores, e que asfixia a economia com um apertado controlo estatal. Nem que, nos últimos meses, essa repressão se intensificou, com uma série de prisões políticas. Por isso, um grupo de intelectuais e académicos redigiu uma carta aberta (publicada em vários jornais europeus) pedindo a investidores e governantes que, nas suas relações com Angola, vejam para além dos interesses económicos e coloquem os princípios à frente. Percebo e simpatizo com a iniciativa, embora discorde da ideia de que os estados democráticos não devem negociar com estados autocráticos ou tiranias – mas isso é tema para um outro artigo. O que não percebo

Frase do dia

...os homens casados, os pais de família, esses grandes aventureiros do mundo moderno. Charles Péguy

A ilusão do radicalismo

JOÃO CARLOS ESPADA Público 27/07/2015 A radicalização da esquerda não será apenas prejudicial para si própria. Será prejudicial para todos. Agora que a crise grega obteve um interregno e agora que o interregno de Agosto se aproxima, os analistas especulam sobre as marés políticas que nos esperam no Outono. O tom geral não é propriamente optimista. No sábado, um longo artigo no Telegraph de Londres previa uma “vasta reacção esquerdista na Europa contra a humilhação de Atenas.” As eleições em Portugal, Espanha e Irlanda são citadas como próximos testes às tendências europeias. Mas o artigo deixa correctamente em aberto o efectivo alcance dessa previsível “vasta reacção esquerdista na Europa”. Esse é o ponto que merece ser enfatizado. Parece estar a ocorrer uma radicalização do discurso da esquerda em vários países europeus. Mas resta saber qual é o alcance dessa radicalização: irão os eleitores acompanhá-la? Ou vão os radicais obter uma supresa semelhante à que o Partido Tra

Costa e castigo

Alberto Gonçalves, DN 2015.07.26 Não era difícil prever o desastre que é António Costa. Os primeiros indícios chegaram com o culto da "inteligência" caseira, que se destaca pela portentosa falta da dita e atabalhoadamente tentou converter um amorfo funcionário do PS no D. Sebastião de 2014. Os sinais acentuaram-se durante o combate contra Seguro, raro momento em que, por comparação, este se assemelhou a um estadista promissor ou, vá lá, a um ser vivo. Chegado à liderança do partido, o dr. Costa continuou a provar com espantosa frequência que a inabilidade na gestão de uma autarquia não basta para governar um país. Não era difícil prever o desastre: difícil era adivinhar a respectiva dimensão. Comentadores magnânimos atribuem o fiasco a factores externos, da prisão de Sócrates ao advento do Syriza. Na sua generosidade, esquecem-se de acrescentar que, sozinha, a brutal inépcia do dr. Costa, que possui a firmeza da esparguete cozida, transformou cada eventual obstáculo nu

Deus não vai de férias

D. Nuno Brás Voz da Verdade, 2015.07.26 A tecnologia, fruto do progresso científico que o mundo ocidental colocou ao nosso dispor, dá-nos, não raras vezes, a sensação de que somos omnipotentes, invencíveis e dominadores de tudo. Projetamos a nossa vida e queremos a todo o custo que tudo se cumpra de acordo com as nossas previsões. E que os outros sigam a nossa norma – que tenham os mesmos gostos, que sejam do mesmo clube desportivo, que estejam ao nosso dispor quando deles precisamos. Mas essa ilusão de omnipotência de que tanto gostamos tem diariamente vários sinais de que não passa de uma simples ilusão por cada um construída. Um desses sinais é a necessidade de repouso diário. Não existe ninguém que não tenha que descansar, que dormir. Podemos, na força da vida, “fazer uma direta”, como gostam de dizer os estudantes em tempos de exames, passando uma noite sem dormir e continuar, dia adiante, no trabalho que temos pela frente. Mas logo depois o sono tem que ser minimamente

Almoço com Isabel de Herédia

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Nuno Saraiva DN 2015.0725 "O espírito monárquico e a religião têm de ser dados aos filhos a conta gotas, porque se não ficam ateus e republicanos" À chegada ao segundo andar do prédio onde vivem os duques de Bragança, a porta abre-se. Eu, republicano empedernido e preconceituoso, convenci-me de que ia ser recebido por um mordomo daqueles à antiga com suíças até ao queixo ou por uma empregada impecavelmente vestida e engomada. Estupefacto, dou de caras com Duarte Pio e Isabel de Herédia a fazerem o acolhimento. "Entre, entre", dizem-me com uma naturalidade e uma descontração familiares. Cheguei preparado para um chá com a mulher casada há 20 anos com o pretendente ao trono português. Mas está calor, muito calor. Quase que convocamos a ironia do Eça para dizer que "está de ananases". As janelas da sala cheia de fotografias dos infantes estão abertas para que o ar circule. Dispo o casaco e alivio o nó da gravata. O duque de Bragança, que