Obrigado Dr. Carlos Costa!

Raquel Abecasis | RR online |20-06-2014 17:12






Afinal desta vez temos Governador, ou seja, alguém que regula, chama à responsabilidade, pede esclarecimentos e age em conformidade.

Declaro desde já a minha ignorância: não percebo nada de gestão bancária nem da sua intrincada actividade. Para mim, como para a maior parte dos mortais, os bancos são instituições onde depositamos o nosso dinheiro e onde, cada vez mais, o procuramos gerir com parcimónia para ver se chega até ao fim do mês. 

É portanto nesta condição de simples cliente de um banco que observo e me congratulo com o que se está a passar no Banco Espírito Santo. 
É que até para uma ignorante como eu saltava pelos "olhos adentro" que algo tinha que estar muito errado quando verificávamos que um após outro, quase todos os grandes casos de corrupção investigados nos últimos anos – Submarinos, Portucale, Operação Furacão, Monte Branco, e a lista podia continuar – estão relacionados com o BES ou com os seus dirigentes. 

Na minha ignorância também não percebia como era possível que Ricardo Salgado se mantivesse à frente de um banco depois de ter sido público que em 2012 fez três rectificações à sua declaração de impostos, aproveitando o perdão fiscal com que o governo quis arrecadar mais alguns milhões. Nestas rectificações Salgado declarou um rendimento suplementar de 8,5 milhões de euros. Quando isto se soube, até eu que sou uma ignorante em matéria de bancos e banqueiros, telefonei para o banco de Portugal para saber se o governador continuava a achar que este senhor era idóneo para liderar uma instituição bancária. Deram-me a resposta do costume, ou seja, nenhuma. 

Mas agora, dois anos depois, a resposta aí está. Afinal desta vez temos Governador, ou seja, alguém que regula, chama à responsabilidade, pede esclarecimentos e age em conformidade. 

Bem-haja Dr. Carlos Costa, porque os pobres depositantes como eu ficam muito mais tranquilos ao saberem que no banco de Portugal está alguém que tem os olhos e os ouvidos abertos e a coragem e independência para cumprir a sua missão, mesmo que isso signifique chamar à responsabilidade o homem mais poderoso do regime, com tentáculos não só no poder financeiro, mas também nos negócios – vá-se lá saber quais – no "centrão" que nos governa e nos muitos famosos que formam a opinião em Portugal. 

Não sei se com este comportamento o senhor algum dia chegará a um alto cargo no Banco Central Europeu, mas olhe que se os pobres depositantes como eu tivessem algum voto na matéria o Dr. Carlos Costa seria nomeado presidente do BCE, para também lá fazer a limpeza que aqui está a fazer. 

PS: Dr. Carlos Costa, peço desculpa por ter duvidado da sua eficácia e competência ao longo destes dois anos. Os que o conhecem e sabem muito mais disto do que eu, sempre me disseram que desta vez tínhamos governador.

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