Liberais? Onde? Onde?

Henrique Monteiro
Expresso, Terça feira, 1 de abril de 2014

Mais uma vez as metas do défice foram conseguidas (e até ultrapassadas) à custa dos impostos. Não valeria a pena dizer mais nada, para se perceber que a célebre reforma do Estado não deu qualquer efeito, pelo contrário, uma vez que a despesa pública total cresceu. É certo que as prestações sociais (nomeadamente o subsídio de desemprego) têm aqui grande peso, mas a realidade é o que é.
Os impostos, também já se sabe, são retirados aos reformados e aos trabalhadores por conta de outrem "com mais posses" (frase que em Portugal significa não estar ainda a passar fome ou a dormir num pardieiro).
No meio de tudo isto, há ainda que contar com o perdão fiscal concedido no final do ano, que constitui uma vergonha e uma falta de ética muito eficaz para o Governo, mas extraordinariamente injusto para os cidadãos cumpridores.
No total, a carga fiscal aumentou 528 euros por português, contando os 10 milhões de habitantes, que vão desde os bebés de berço aos centenários. Recorde-se que este valor é sete por cento mais elevado do que o salário mínimo mensal. Pelo que se pode dizer que houve um mês de trabalho para o Estado. Algo que desde aqueles tempos de Vasco Gonçalves (em que nos pediam só um dia de salário) não se via.
E ainda há quem insista que estamos perante um Governo liberal... Valha-me Deus! Hoje que é o chamado 'dia das mentiras' é que o célebre liberalismo, ou neo-liberalismo do Governo pode ser apregoado. De resto, o que temos é estatismo do mais puro: o equilíbrio das contas através das receitas fiscais. 

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